Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

Beate se apoderou da conversa e perguntou a Helge, que deixara de perseguir
o cão com os olhos quando este atravessou a sala de estar e se dirigiu à porta:


– Que altura acha que tinha o assaltante?
Helge olhou para ela, depois pegou na chávena de café e levou-a à boca
onde, por necessidade, teve de esperar porque não podia falar e beber ao
mesmo tempo.


– Altura? Talvez dois metros. Ela era sempre tão exacta, a Stine.
– Não era assim tão alto, herr Klementsen.
– Está certo, um metro e noventa. E sempre tão produtiva.
– O que é que ele tinha vestido?
– Qualquer coisa preta, como borracha. Este Verão tirou pela primeira vez
umas férias como devia ser. Na Grécia.


Fru Klementsen fungou.
– Como borracha? – perguntou Beate.
– Sim. E uma balaclava.
– De que cor, herr Klementsen?
– Vermelha.
Naquele momento Beate deixou de tomar notas, e pouco depois estavam no
carro a caminho da cidade.


– Se os juízes e os jurados soubessem como é pouco fiável aquilo que as
testemunhas de assaltos a bancos dizem, recusar-se-iam a deixar-nos usar isso
como prova – disse Beate. – Aquilo que os cérebros das pessoas recriam é
quase fascinantemente errado. Como se o medo lhes desses óculos que fazem
com que os assaltantes aumentem em estatura e escuridão, com que as armas
proliferem e os segundos pareçam mais longos. O assaltante demorou pouco
mais de um minuto mas fru Brænne, a caixa mais próxima da entrada, disse
que ele esteve lá durante quase cinco minutos. E ele não tem dois metros de
altura, mas um e setenta e nove. A não ser que usasse palmilhas, algo que não
é invulgar nos profissionais.


– Como podes ter tanta certeza quanto à altura?
– O vídeo. Mede-se a altura em comparação com a altura da porta por onde
o assaltante entra. Hoje de manhã estive no banco a fazer marcações a giz, a
tirar novas fotografias e a fazer medições.

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