Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

tentou mover.


– Tive os meus motivos.
– Eu sei – disse Harry. – Cumprir uma penitência é um instinto quase tão
forte quanto a vingança.


Raskol não respondeu.
– Sabe que Beate Lønn também tomou uma decisão? Ela percebeu que nada
traria o pai de volta. Já não sente qualquer raiva. Pediu-me que lhe
apresentasse cumprimentos e lhe dissesse que o perdoa. – Uma ponta do vidro
raspou-lhe a pele. Assemelhava-se ao som de uma caneta de tinta permanente
a escrever sob papel áspero. A escrever hesitante a última palavra. Apenas
faltava o ponto final. Harry engoliu em seco. – Agora é a sua vez de escolher,
Raskol.


– Escolher o quê, Spiuni ? Se você vive ou morre?
Harry respirou fundo, e tentou manter o pânico à distância.
– Se quer libertar Beate Lønn ou não. Se lhe vai contar aquilo que
aconteceu no dia em que lhe matou o pai. Se você se vai libertar.


– Eu? – Raskol soltou a sua gargalhada suave.
– Encontrei-o – disse Harry. – Isto é, Beate Lønn encontrou-o.
– Encontrou quem?
– Ele vive em Gotemburgo.
A gargalhada de Raskol parou de repente.
– Vive ali há dezanove anos – continuou Harry. – Desde que descobriu que
você era o verdadeiro pai de Anna.


– Está a mentir – gritou Raskol e levantou a garrafa acima da cabeça de
Harry.


Hole sentiu a boca a secar e fechou os olhos. Ao voltar a abri-los, viu os
olhos vidrados de Raskol. Respiraram fundo em uníssono; o peito de ambos
ergueu-se e desceu ao mesmo tempo.


– E... Maria? – sussurrou Raskol.
Harry teve de tentar duas vezes antes que outro som lhe voltasse a
atravessar as cordas vocais.


–   Ninguém sabe    nada    dela.   Alguém  contou  a   Stefan  que a   viu,    há  alguns
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