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Heinrich Schirmer
eate acordou quando a campainha tocou pela terceira vez.
Rolou para o lado e olhou para o relógio. Cinco e um quarto. Ficou deitada
a pensar qual seria a atitude mais sensata – mandá-lo para o inferno ou fingir
que não estava em casa. Outro toque, de um género que deixava bem claro
que ele não iria desistir.
Suspirou, levantou-se e vestiu um roupão. Pegou no auscultador do
intercomunicador.
– Sim?
– Desculpa passar por aqui tão tarde, Beate. Ou tão cedo.
– Vai para o inferno, Tom.
Seguiu-se um longo silêncio.
– Não é o Tom – disse a voz. – Sou eu, o Harry.
Beate praguejou baixinho e pressionou o botão para abrir a porta.
– Não conseguia dormir – explicou Harry, assim que entrou. – É acerca do
Executor.
Deixou-se cair no sofá ao mesmo tempo que Beate se enfiava no quarto.
– Como já te disse, aquilo que fazes com o Waaler não me diz respeito... –
gritou Harry em direcção à porta aberta do quarto.
– Como disseste, não te diz respeito – gritou ela em resposta. – E, além
disso, ele foi suspenso.
– Eu sei. Fui chamado a comparecer no tribunal do SEFO para falar acerca
do meu encontro com Alf Gunnerud.
Ela reapareceu vestida com calças de ganga e uma T-shirt branca, e parou
em frente dele. Harry levantou os olhos.
– Quis dizer, suspenso por mim – disse Beate.
– Oh?
– É um filho da mãe. No entanto, isso não quer dizer que possas dizer