Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

aquilo que te apetece a quem te apetece.


Harry inclinou a cabeça e semicerrou um olho.
– Tenho de repetir? – perguntou ela.
– Não – replicou Harry. – Acho que já percebi a mensagem. E se não for
uma pessoa qualquer, mas um amigo?


– Café?
Mas Beate não conseguiu chegar à cozinha sem corar. Harry levantou-se e
seguiu-a. Havia apenas uma cadeira junto à pequena mesa. Na parede,
encontrava-se uma placa de madeira pintada de cor-de-rosa com um antigo
poema de Hávamál:


Em cada soleira de porta,
Por onde alguém entra,
Uma pessoa olha em volta,
Outra observa
Pois incerta é a intenção
Que não haja nenhum inimigo sentado,
No interior, à sua frente no chão.

– Ontem à noite, Rakel disse-me duas coisas que me fizeram pensar – disse
Harry, encostando-se ao lava-loiça. – A primeira foi que dois irmãos que
amavam a mesma mulher era uma receita para a tragédia. A segunda que
Anna devia ter tido muito trabalho a imitar a assinatura de Ali, já que era
canhota.


– Oh, sim? – Beate deitou uma colherada de café no filtro da máquina.
– Os cadernos escolares de Lev. Foi Trond Grette quem tos deu para serem
comparados com a carta de suicídio. Lembras-te de qual era a disciplina?


– Não olhei assim com tanta atenção. Apenas me lembro de ter verificado
que eram dele. – Deitou água na máquina.


–   Era Norueguês   –   disse   Harry.
– Podia ser – disse ela, a olhá-lo.
– Era – replicou Harry. – Acabei de estar com Jean Hue, da Kripos.
– O especialista de caligrafia? A esta hora, a meio da noite?
Free download pdf