algemado à vedação.
– Catorze.
– Sabe que isso não vai resultar – disse Harry.
– Acredite-me, sei muito acerca de desaparecimentos. Lev sabia muito a
esse respeito. Só preciso de um avanço de vinte minutos. Terei mudado de
transporte e de identidade duas vezes. Tenho quatro carros e quatros
passaportes na minha rota, e também bons contactos. Em São Paulo, por
exemplo. Vinte milhões de habitantes. Podem começar aí as buscas.
– Quinze.
– A sua parceira vai morrer em breve, Harry. O que é que vai ser?
– Já falou de mais – disse Harry. – De qualquer maneira, vai matar-nos.
– Vai ter de correr esse risco para o descobrir. Que opções é que tem?
– Que morra antes de mim – disse Harry, a carregar a arma.
– Dezasseis – sussurrou Beate.
Harry tinha terminado
– Teoria espantosa, Harry – disse Ivarsson. – Em especial a parte acerca do
assassino contratado no Brasil. Extremamente... – mostrou os dentes
pequenos num ligeiro sorriso – exótico. Não há mais nada? Uma prova, por
exemplo?
– Caligrafia. A carta de suicídio – disse Harry.
– Disseste que não é igual à caligrafia de Trond Grette.
– Não a sua caligrafia habitual. Mas os trabalhos de casa...
– Tens uma testemunha que possa jurar que foi ele que os fez?
– Não – disse Harry.
– Por outras palavras, não tens uma única prova incriminatória neste caso
do assalto – resmungou Ivarsson.
– Caso de homicídio – disse Harry suavemente, a olhar para Ivarsson. Na
sua visão periférica viu Møller a olhar para o chão, envergonhado, e Beate a
torcer as mãos desesperada. O superintendente-chefe pigarreou.
Harry destravou a patilha de segurança.
– O que é que está a fazer? – Trond semicerrou os olhos, e empurrou o cano
da arma contra a cabeça de Beate com tanta força que recuou.