feliz. Walter até falava de voltar a dedicar-se aos estudos. Já o duque parecia estranhamente
reticente no que respeitava a Walter, e Mary precisou de muita astúcia para descobrir o que
tinha de facto acontecido, após o que informou Frances, enviando-lhe uma carta.
Frances sentiu-se profundamente comovida e agradecida.
- Oh, que estratagema tão inteligente! – Parecia não ter ficado chocada com toda aquela
história de prostitutas e bordéis, ou com o anterior conhecimento que o duque tinha daquele
meio. – Superar o Rochester e salvar a honra de Walter, que tão facilmente poderia ter sido
desonrado e humilhado.
A carta continha ainda a notícia de que Mary persuadira a mãe a deixá-la regressar à corte
dentro de algumas semanas, pois já estava completamente restabelecida.
À medida que a primavera aquecia e ia dando lugar a um bonito verão, a corte reparou numa
mudança estranha no rei, que a todos alarmou bastante.
Aquele homem enérgico e entusiasmado, que não só governava um reino assolado por
interesses rivais mas ainda encontrava tempo para as suas paixões igualmente fortes pela
ciência e pelas mulheres, enquanto, em simultâneo, tentava combater as pilhagens comerciais
dos Holandeses, estava, a pouco e pouco, a sucumbir a uma tristeza inquieta.
Todos deram por isso, de Barbara Castlemaine ao chanceler Clarendon. E todos estavam
cientes do motivo.
A rainha organizava peças e bailes de máscaras em Greenwich, com fogo de artifício e os
músicos de que ele mais gostava, sem qualquer efeito.
Lady Castlemaine tentava combater-lhe o abatimento experimentando novos truques na cama.
O chanceler optou por uma abordagem mais direta. Foi ver Mistress Frances Stuart e disse-
lhe que ela estava a privar o rei da sua sanidade mental.
A envelhecer rapidamente, tolhido pela gota, o chanceler entrou nos aposentos dela no
momento em que Frances se preparava para ir visitar a rainha. Desta vez, não o precedia um
bedel a transportar a maça oficial, como era costume em todas as ocasiões, uma atitude
cerimoniosa pela qual costumava ser ridicularizado. - Venha, sente-se, Mistress Stuart. – Bateu com a mão no banco da janela, ao lado da sua
volumosa figura. – As minhas pobres pernas já precisam de descanso.
Frances sempre gostara do conde pela sua honestidade inflexível e pelo brilho ocasional que
os seus olhos ostentavam e que tornava agradáveis as suas palavras ríspidas. Podia ser alvo de
uma dúzia de conspirações para o substituírem no cargo de chanceler, mas preocupava-se
verdadeiramente com o rei. - Tenho por regra nunca interferir nos assuntos amorosos do rei. – Os seus olhos franziram-se
um pouco, tendo noção de que o que dizia não correspondia por completo à realidade. – Tento
travar as depredações da Lady, é verdade, para que reste uma pequena soma nos cofres da
nação depois de ela os saquear, mas nada mais. Se o rei deseja joias e títulos para as suas
amantes, isso é com ele, ainda que eu duvide de que ele obtenha grande recompensa em troca.
Mantive-me silencioso como um túmulo. Até agora. Ele não sabe que vim aqui. Na verdade,
Lady Castlemaine julga-se minha inimiga, mas a sua raiva seria como uma brisa, comparada