56
PRAÇA LUBYANKA, MOSCOU
Em tempos como aqueles, pensou o coronel Leonid Milchenko, a
imensidão da Rússia era mais uma maldição do que uma bênção. Ele estava
observando um mapa em seu escritório na Praça Lubyanka, ao lado de
Vadim Strelkin. Tinha acabado de voltar do Kremlin, onde o novo czar lhes
dera ordens para não poupar esforços na busca pelos três homens
desaparecidos. O presidente não se mostrou disposto a explicar por que isso
era tão importante, falando apenas que dizia respeito aos interesses vitais da
federação e de seus laços com o Reino Unido. Foi Strelkin, no caminho de
volta para Lubyanka, que lembrou a Milchenko que a Volgatek tinha
acabado de obter direitos lucrativos para perfurar no mar do Norte.
— Você acha que a Volgatek fez algo ilegal para conseguir a
permissão? — perguntou Milchenko, ainda com os olhos no mapa.
— Eu não gostaria de julgar a situação antecipadamente sem
conhecer todos os fatos — respondeu Strelkin, cauteloso.
— Nós trabalhamos para a FSB, Vadim. Nunca nos preocupamos
com fatos.
— Você sabe como eles chamam a Volgatek, não sabe, chefe?
— KGB Óleo e Gás.
Strelkin ficou calado.
— Digamos que a Volgatek não tenha jogado limpo para obter a
licença — começou Milchenko.
— Eles raramente jogam limpo. Pelo menos é isso que se ouve.
— Digamos que tenham subornado alguém.
— Ou pior.
— E digamos que a inteligência britânica reagiu tentando inserir um
agente na empresa.
— Digamos — repetiu Strelkin, assentindo.
— Digamos que os britânicos estivessem escutando quando Zhirov
colocou o homem deles no carro e começou a enchê-lo de perguntas.
— Provavelmente estavam.
— E que acreditaram que seu homem estivesse em perigo.
— Ele estava.
— E que reagiram retirando o seu homem.
— Com bastante violência.