A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Pode ser por qualquer coisa.
— Pode ser — concordou Lavon, inseguro.
— Podem estar vigiando um hóspede.
— É disso que tenho medo.
— Outro hóspede, Eli.
Lavon não respondeu.
— Tem certeza de que ela estava limpa quando a trouxemos?
— Impecável.
— Então ela está limpa agora — afirmou Gabriel.
— Por que o saguão está cheio de agentes da FSB?
— Pode ser por qualquer coisa.
— Pode ser — repetiu Lavon.
Gabriel olhou pela janela, para a van da El Al parada na frente do
hotel.
— O que vamos fazer? — perguntou Lavon.
— Vamos seguir o plano.
— Você vai contar a ela?
— Sem chance.
Lavon tomou um gole do café.
— Boa ideia.
Três longos minutos se passaram até os primeiros membros da
tripulação da El Al saírem dos elevadores para o saguão: duas jovens bem-
arrumadas, que eram mesmo funcionárias da empresa aérea, ao contrário
das quatro mulheres e dos dois homens que vieram atrás, todos agentes de
campo veteranos do Escritório. Então, surgiram o capitão e o engenheiro de
voo, seguidos um instante depois por uma versão muito bem disfarçada de
Mikhail, que posava de primeiro oficial. O homem da FSB que estava perto
do balcão do concierge se voltou para encarar descaradamente o traseiro de
uma das falsas comissárias de voo. Observando a cena do outro lado do
saguão, Gabriel se permitiu um breve sorriso. Se o agente tinha tempo para
dar uma olhada nos dotes israelenses, havia grandes chances de que não
estivesse à procura de uma russa ilegal desaparecida.
Enfim, às 17hl0, Chiara e Madeline apareceram puxando suas malas
de rodinhas da El Al. A esposa estava contando uma história sobre um voo
recente num hebraico rápido e a garota inglesa ria como se fosse a coisa mais
divertida que tivesse ouvido em muito tempo. Elas se juntaram aos outros
membros da tripulação, saíram do hotel e subiram na van. As portas se

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