A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Quero voltar para Amsterdam, ao Prinsengracht.
─ Essa porta se fechou para você.
Fez mais uma vez o inventário dos ferimentos: lábio rachado, face
esmurrada, uma marca de mão no seio direito. Nunca antes se encontrara numa
situação em que estivesse impotente e não tinha gostado. ─ Não quero morrer
como um animal no deserto.
─ Nem eu ─ concordou ele. ─ Não vou deixar que isso aconteça a nenhum
de nós.
─ Para onde vai, quando esta questão chegar ao fim?
─ Para Brélés, se puder. Se não, para as Caraíbas.
─ E para onde irei, agora que a porta para Amsterdam foi fechada?
Pousou as armas e colocou-se em cima dela.
─ Pode vir comigo para as Caraíbas.
─ E o que vou fazer lá?
─ O que quiser, ou então nada.
─ E o que serei para você? Serei sua mulher?
Delaroche abanou a cabeça. ─ Não, não será minha mulher.
─ Haverá outras mulheres?
Voltou a abanar a cabeça. ─ Não, não haverá outras mulheres.
─ Serei o que quiser que eu seja, mas não pode me humilhar com outras
mulheres.
─ Nunca te humilharia, Astrid.
Beijou-lhe a boca com suavidade, para não lhe magoar o lábio. Desabotoou-
lhe a galabia e beijou-lhe os seios e a feia marca deixada pela mão de Stoltenberg.
Deslizou pelo corpo dela e levantou a galabia. O terror que Astrid sentira horas
antes desvaneceu-se com a sensação intensa do que ele estava a fazer entre as suas
coxas.
─ Onde iremos viver? ─ perguntou baixinho.
─ Junto ao mar ─ respondeu ele, voltando ao que estava a fazer.
─ Vais fazer-me isto junto ao mar, Jean-Paul? Sentiu a cabeça dele dizer que
sim entre as pernas.
─ Vais fazer-me isto muitas vezes junto ao mar, Jean-Paul?
Era uma pergunta tola e ele não respondeu. Astrid agarrou-lhe a cabeça e
puxou-a com força de encontro ao corpo. Teve vontade de lhe dizer que o amava,
mas sabia que tais coisas jamais seriam ditas em voz alta. Mais tarde, ele deitou-se
ao lado dela, respirando suavemente.
─ Dormes de noite, Jean-Paul?
─ Algumas noites são melhores do que outras. ─ Vê-los?

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