A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Branca e um único agente dos Serviços Secretos sentado no banco do passageiro.
Durante anos, Anne evadia-se desta forma da Casa Branca pelo menos uma vez por
semana. Gostava de sair para o mundo real, como apreciava dizer. Para Anne, o
mundo real não se encontrava muito distante da opulência da Mansão Oficial.
Regra geral, fazia uma pequena viagem de carro até os enclaves abastados de
Georgetown, ou Kalorama, ou Spring Valley para tomar uma bebida e jantar com
velhos amigos ou aliados políticos importantes.
O carro dirigiu-se a norte, Connecticut Avenue acima, e virou para oeste,
para a Massachusetts, depois de deixar o trânsito intenso de Dupont Circle.
Momentos depois, virou para Califórnia Street e abrandou à porta da grande
mansão de tijolo. A porta da garagem abriu e o sedan preto deslizou em silêncio
para o seu interior.
O agente dos Serviços Secretos esperou que a porta da garagem se voltasse
a fechar antes de sair do carro. Contornou o veículo por trás e abriu a porta da
Primeira-dama. O anfitrião esperava-a quando saiu do carro. Beijou-lhe a face e
disse:
─ Olá, Mitchell, é um prazer vê-lo novamente.
Anne Beckwith não fora em busca de uma noite de conversa agradável e
boa comida. Tratava-se de negócios. Aceitou um copo de vinho mas ignorou a
bandeja de queijo e de patê que um dos autômatos de Elliott colocara sobre a mesa
de apoio entre eles.
─ Quero saber se a situação está sob controle ─ disse com frieza. ─ E, se
não estiver, quero saber o que diabo anda fazendo para que fique sob controle. ─ Se
a Susanna Dayton tivesse vivido para publicar aquele artigo, os estragos poderiam
ter sido graves. O seu assassinato lamentável deu-nos algum tempo, mas não me
parece que já estejamos seguros.
─ Assassinato lamentável ─ repetiu Anne, um tom trocista na voz. ─ Por
que o Post não publicou a história dela?
─ Porque estão tentando reconfirmar tudo o que escreveu e ainda não
conseguiram.
─ E vão conseguir?
─ Só se eu não puder evitar.
Anne Beckwith acendeu um cigarro e exalou um leve fio de fumaça por
entre os lábios tensos.
─ O que vai fazer para impedir que isso aconteça?
─ Acho que seria imprudente se Anne tomasse conhecimento de tudo isto.
─ Não me venha com besteira, Mitchell. Diga o que eu quero saber.

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