A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

imagem no arquivo. Era o mesmo rosto que vira naquela noite na Represa de
Chelsea. Era Michael Osbourne.
Osbourne dobrou-se e esticou a parte de trás das pernas. Encostou-se a um
poste e alongou os músculos da barriga das pernas. Delaroche, à espera a dois
quarteirões de distância, viu os olhos de Osbourne passar em revista a rua e os
carros estacionados.
Por fim, Osbourne pôs-se de pé e iniciou uma corrida ligeira. Virou à
esquerda na 34th Street, à direita na M Street e dirigiu-se a Key
Bridge, em direção à Virgínia. Delaroche marcou o número de Astrid no
Four Seasons e falou com ela, enquanto pedalava a um ritmo regular na esteira de
Osbourne.
Michael alcançou o lado da Virgínia do Potomac e dirigiu-se para sul ao
longo do Mount Vernon Trail. Tinha os músculos rígidos e doridos e o tempo frio
do mês de Dezembro não estava a ajudar, mas estugou o passo e aumentou o ritmo
e, passados alguns minutos de corrida rápida, sentiu o suor por baixo a roupa.
Era bom estar fora de casa. Carter telefonara naquela manhã e informara
Michael de que Monica Tyler ordenara formalmente ao Departamento de Pessoal
que desse início a uma investigação sobre a sua conduta. Elizabeth concordara
finalmente em aceder à vontade do médico e estava a trabalhar a partir de casa. O
quarto deles transformara-se num escritório de advogados, completado por Max
Lewis. As nuvens abriram e um quente sol de Verão brilhou ao longo das margens
do rio. Michael passou a entrada para a Roosevelt Island. Uma ponte de madeira
estendia-se perante si, sobre vários metros de pântano e juncos. Michael aumentou
o ritmo, os pés a martelar as tábuas da ponte. Era dia de semana e estava sozinho
no trilho. Jogou um jogo consigo próprio, fazendo uma corrida imaginária.
Começou a correr em sprint, impulsionando os braços e erguendo os joelhos.
Contornou uma esquina e o final da ponte apareceu, a cerca de duzentos metros de
distância.
Michael obrigou-se a correr ainda mais depressa. Os braços ardiam-lhe, as
pernas pareciam um peso morto e respirava com dificuldade devido ao ar frio e a
demasiados cigarros. Chegou ao fim da ponte, parou e virou-se para ver a extensão
que tinha percorrido com a sua pequena corrida de velocidade. Só nessa altura viu
o homem a pedalar na sua direção, montado numa bicicleta de montanha.

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