Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

traves de caminho-de-ferro ensopadas em combustível?
Os efeitos da droga finalmente dissiparam. Ele estava agora
acordado, alerta e consciente, e seguro de que não estava morto. Algo na
postura do judeu lhe disse que estavam próximos do final da jornada.
Tinham passado por Siedlce, depois, em Sokolow Podlaski, tinham virado
para uma estrada de campo mais estreita. Dybow veio a seguir, depois
Kosow Lacki. Saíram da estrada principal, para um trilho de terra batida. A
van trepidava: dump-dump... dump-dump. A velha via-férrea, pensou, ainda
aqui estava, claro. Seguiram o trilho até uma plataforma de abetos e bétulas
e pararam um momento mais tarde num pequeno estacionamento
alcatroado.
Um segundo carro entrou na clareira com os faróis apagados. Três
homens saíram e aproximaram-se da van. Ele reconheceu-os. Eram os que
o tinham tirado de Viena. O judeu colocou-se em cima dele e
cuidadosamente cortou a fita adesiva e soltou as correias de couro.
— Venha — disse ele agradavelmente. — Vamos dar um passeio.


38


TREBLINKA, POLÔNIA


SEGUIRAM POR UM trilho por entre as árvores. Tinha começado a
nevar. Os flocos caíam suavemente pelo ar tranquilo e assentavam-lhes nos
ombros como cinzas de um
fogo distante. Gabriel segurava Radek pelo cotovelo. Os seus passos
eram cambaleantes no início, mas em breve o sangue começou a fluir-lhe
novamente aos pés e insistiu em caminhar sem o suporte de Gabriel. A sua
respiração difícil gelava no ar. Cheirava a amargo e a medo.
Avançaram mais fundo para dentro da floresta. O trilho era arenoso
e coberto por uma fina camada de faúlhas. Oded estava vários passos à
frente, quase invisível através da queda de neve. Zalman e Navot
caminhavam em formação atrás deles. Chiara tinha ficado para trás na
clareira, vigiando os veículos. Fizeram uma pausa numa brecha nas
árvores, de cerca de cinco metros de largura, estendendo-se pelo escuro.
Gabriel iluminou-a com o foco de uma lanterna. No centro do corredor, em

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