CONSULTORIA Camila Laranja, nutricionista funcional FOTO GettyPremium.com
Organismo em pane
Considerada um distúrbio digestivo, a
intolerância à lactose é mais comum do que
muitos podem pensar. De acordo com infor-
mações do Instituto Datafolha, em torno de
35% dos brasileiros com idade acima dos 16
anos apresentam esse quadro, porcentagem
que corresponde a cerca de 53 milhões de
pessoas. A doença é causada pela incapa-
cidade parcial ou total de digerir a lactose,
substância encontrada em produtos lácteos.
“Muitas pessoas não produzem suficiente-
mente a enzima que digere a lactose e, por
isso, desenvolvem essa intolerância. A redução
na produção dessa enzima, inclusive, pode
acontecer com o passar dos anos”, completa
a profissional. Com esse processo se tornando
falho, a digestão fica mais difícil e, assim, a lac-
tose chega ao intestino grosso inalterada, ou
seja, com a sua mesma composição original.
A partir daí, a substância é fermentada por
bactérias que fabricam gases e ácido lático.
Todo esse ciclo que ocorre dentro do corpo
acaba gerando alguns sintomas específicos,
que podem servir de alerta para a doença.
Náusea, distensão abdominal, gases, irritação
intestinal e diarreia são alguns dos sinais de
que os alimentos provenientes do leite não
são bem “aceitos” pelo organismo. Contudo,
é possível que as respostas ao consumo de
laticínios sejam mais graves, dependendo do
grau de intolerância da pessoa e da quanti-
dade de alimento ingerida.
É mesmo intolerância?
Se você costuma apresentar os sintomas
do problema após comer algum produto que
contenha lactose (pode ser que eles surjam
imediatamente ou depois de horas que rea-
lizou a refeição), é importante descobrir a
razão para que eles apareçam. Portanto,
ao consultar um médico, é bem provável
que sejam solicitados alguns exames. Um
deles é realizado pelo SUS (Sistema Único
de Saúde), no qual o paciente recebe uma
dose de lactose em jejum e, passada algu-
ALERGIA OU INTOLERÂNCIA?
A intolerância à lactose é um problema
digestivo, no qual há a falta da produção
de uma enzima chamada lactase para
digerir os alimentos. “Já a alergia ao
leite se relaciona com as suas proteínas
e não com a lactose em si. Ou seja, são
processos diferentes. Muitas pessoas
confundem, mas o leite sem lactose
continua tendo as proteínas que são
potencialmente alergênicas, então, a
pessoa alérgica vai ter problemas mesmo
com esses alimentos”, explica
a nutricionista.
mas horas, são colhidas amostras de sangue
que indicam os níveis de glicose. Se não
houver alteração, a pessoa é intolerante.
Outra opção de teste é o respiratório, que
tem como objetivo analisar a quantidade
de hidrogênio nos gases exalados após a
ingestão da lactose. Uma vez constatada a
intolerância à lactose, é preciso reeducar o
paladar, pois determinados alimentos não
podem ser consumidos. Ou seja, o único
tratamento para o quadro é a mudança na
dieta, retirando do cardápio produtos como
requeijão, iogurte, leite de vaca, manteiga,
creme de leite, bolacha, bolo e adoçante
em pó.
Como conseguir cálcio
O leite e seus derivados são, provavelmen-
te, os alimentos mais lembrados quando o
assunto é a ingestão de cálcio. Então, como
uma pessoa intolerante a esses produtos
consegue manter os níveis do nutriente
ideais no organismo? A resposta é mais
simples do que pode parecer: é necessário
encontrar outras fontes de cálcio. Vegetais
verde-escuros, algumas sementes e grãos,
frutas e legumes específicos podem ser a
solução para esse impasse. Além disso, é pos-
sível encontrar nos supermercados marcas
de leite que são livres de lactose, podendo
ser consumido sem medo.
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