meu, é lá entre eles.
— Pois, eles que são pretos que se entendam — ironizou Regina.
— Mais ou menos isso — concordou ele, todo militarão insensível, sem
querer dar parte fraca.
Regina viu-se obrigada a concordar com ele, o assunto de qual dos abutres
ficava com o melhor bocado não interessava para a questão que a trazia ali.
Não viera de Lisboa para resolver a guerra e não lhe convinha desviar-se do
seu problema.
— Onde é que eu posso encontrar esse tal Silva Pinho?
Antero abriu a gaveta de cima da secretária, tirou de lá um mapa militar,
desdobrou-o em cima da mesa e explicou-lhe onde, muito provavelmente,
estaria o homem. Apontou um ponto, nos arredores de Luanda, a cerca de
vinte quilómetros para nordeste.
— Ele tem uma fazenda aqui, em Quifangondo — disse. — Pelo que
consegui apurar, foi-se lá barricar com um pequeno exército para fazer a sua
guerrinha particular.
— Óptimo — animou-se Regina. — Vamos lá, então.
— Vamos lá, aonde?
Regina impacientou-se, revirou os olhos nas órbitas.
— Vamos à fazenda do Silva Pinho.
— Mas, se acabei de te dizer que a fazenda fica no Quifangondo!
— E o que é que isso interessa? Não são apenas vinte quilómetros?
Requisita uma Berliet , meia dúzia de homens armados e vamos lá.
— Regina, não estás a perceber, é impossível fazer isso.
— O que é que eu não estou a perceber? O que é que é impossível?
— Não podemos ir lá, porque Quifangondo é onde fica a frente de combate.