dela. Desde que a fora buscar ao aeroporto, ainda não a surpreendera tão
animada como naquela manhã. Entrou-lhe pela redacção adentro a falar alto,
radiante com as boas notícias, e Patrício teve um segundo para reagir e levá-la
dali antes que todas as cabeças se voltassem e todos os ouvidos ficassem a
conhecer a sua história off the record. Mandou-a calar-se, agarrou-a por um
braço e levou-a para a rua.
— É mais seguro — disse.
— Mais seguro para quem? — estranhou Regina.
Mais seguro para mim, pensou ele.
— Acho melhor que não se saiba do assunto — argumentou. — Pode pôr o
Nuno em perigo.
Ela nem perdeu tempo a analisar a lógica de silenciar o caso. Chegaram lá
fora, Regina contou-lhe a conversa com Antero, disse que tinham de ir à
fazenda buscar Nuno mas não teriam o apoio de ninguém. Patrício tentou
dissuadi-la, discutiram.
— Tu não vês, Patrício? — exclamou Regina, com os olhos arregalados de
confiança, parecia que renascera. — Tu não vês que o Nuno tem de estar lá?
É o único lugar, o mais óbvio, onde ele pode estar. Não há outro!
— Mas tu própria viste o que fizeram à vossa casa — rebateu Patrício. —
Tu foste a primeira a perceber que ele foi levado à força, foi raptado.
— Mas eu estava enganada, obviamente. O Nuno não foi raptado, ele fugiu.
Quem foi lá a casa, chegou tarde demais. Ele já não estava lá. Ele está
escondido na fazenda do Silva Pinho.
— Mas quem te disse a ti que ele não foi raptado?
—Tu!
— Eu?!
— Sim, tu.
— Xiii , mana, eu não disse isso coisa nenhuma!
— Logo à chegada, no aeroporto, tu disseste-me que um tipo importante do
MPLA te tinha contado a sabotagem do avião do Nuno. Esse tipo também te
disse que não sabia de rapto nenhum.
— A palavra usada foi prisão.
— Prisão, rapto, não interessa — cortou ela. — O que interessa é que ele