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Regina e Patrício retiraram Nuno do jipe e foram esconder-se à frente do
carro, sentados no chão de costas para os faróis. Ela espreitou por debaixo do
jipe, entre as rodas, e viu os soldados lá ao fundo, junto ao edifício principal.
A lancha do Niassa demoraria ainda alguns minutos.
— Patrício — disse ela numa urgência que lhe ocorreu —, tens que vir
connosco.
Ele abanou a cabeça.
— Na , mana — disse. — Esta é a minha terra. Eu fico.
— Estás doido?! O que é que vais dizer àqueles gajos?
— Hei-de arranjar alguma desculpa. Não te preocupes.
Mas ela estava preocupada.
— Patrício, por favor, tu já viste do que eles são capazes. Vem connosco,
vais ter uma boa vida em Lisboa.
— Hum-hum, eu fico.
— Porra que és teimoso.
— Não sou teimoso, quero ficar, só isso.
— Mas é perigoso!
— Não há problema — disse ele, jovialmente. — Não te esqueças de que
eu sou amigo do Monstro Imortal.
— Pois, e isso tem-te valido de muito.
— Chegámos até aqui, não chegámos?
— Com muitos tiros e muita porrada — lamentou-se Regina. Voltou a
espreitar por debaixo do jipe. — Merda — disse. — Eles vêm aí.
A bordo da lancha, o capitão Antero previu problemas em terra e pediu ao
marinheiro do leme que se apressasse. Demoraram mais cinco minutos, o
suficiente para Nuno, Regina e Patrício se verem cercados de soldados e com
armas apontadas à cabeça antes de Antero saltar para o cais, secundado por
três fuzileiros empunhando armas automáticas.
— Estão todos presos — ouviu o comandante das FAPLA dizer.