Folha de São Paulo - 21.08.2019

(Steven Felgate) #1

aeee


opinião


Quarta-Feira,21DeagostoDe2 019 A

erramos
[email protected]

Ponte Rio-Niterói
Como se perdetempo noBrasil
comcriminososefacínoras (“Ho-
mem armadofazpassageiros de
ônibusreféns na ponteRio-Nite-
rói”,Cotidiano, 20 / 8 ). E,por pura
ideologia, algumas pessoas ainda
tentam defenderocriminosoeata-
carapolíciaeasinstituições.Oque
importa—esóoque importa—é
queasvítimasestãosãsesalvase
ocriminosojáestánoIML.
LucasBabosa da Silva(sãoPaulo,sP)

*
Apromoçãodadaao “sniper”éum
estímulo paraque policiais matem
primeiroedepois saibam quem é.
Wilson Witzeléuma ameaça ao RJ e
ao país.Eestáfazendo essascoisas
parasecacifar paraaPresidência.
GeraldodaSilva(salvador,Ba)

*
Foicerteirooespecialista. Um “sni-
per”não seforma da noiteparao
dia,eapromoçãoémerecidíssi-
ma.Os trabalhadores do ônibus,
vindos de lugar humilde,estão sal-
vos. Nãofestejo nem choro morte.
Ana MariaMoura(Niterói, rJ)

*
Se aarmaera debrinquedoeose-
questradorfoifuzilado,faltou ação
de inteligência da polícia.Deve-
ria primeiroentenderoque esta-
va acontecendo paradepoisatirar.
EduardoLuísFigueiredode Lima
(Campogrande, Ms)

*
Foifeitaacoisacerta, por umapes-
soatreinada,mas ogovernadorte-
ve umaatitude desprezível ao sair
comemorandoaviolência.
AugustoJoão(sorocaba,sP)

LavaJato
Só aqui um indivíduosobreoqual
pairam graves suspeitas decorrup-
çãocomandaoministériomaisim-
portantedogoverno (Economia) e
vendeopatrimônio do paíscom a
anuência da maior partedamídia e
daJustiça(“Lava Jato ignorourepas-
se de Guedes em denúnciacontra
empresa defachada”, Poder, 20 / 8 ).
JoeliAparecidaWeber Camargo
(Curitiba, Pr)

LucianoHuck
Huck nãofeznada de errado (“Em-
préstimodeaviãofoi‘transparen-
te’e‘pagoatéofim’,diz Luciano
Huck”, MônicaBergamo, 20 / 8 ).
ErradoéoBrasilterjurosubsidi-
ado paraqueméricoecobrar me-
nosjurosdeumaviãodoquepa-
ra financiaracasa de umafamília.
Rogério Andrade(goiânia, go)

*
Éocernedonosso fracassosoci-
alistaburocrático: nãoépossível
emprestar dinheirobaratoparato-
dos.Algunsconseguem,outros não.
Anderson Souza(Manaus,aM)

Desigualdade global
Amanchete“Entreasdemocracias,
Brasil lideraconcentraçãoderen-
da”(PrimeiraPágina, 20 / 8 )merece
reflexão.Conformeatradição aris-
totélica, democraciaé“ogoverno
do povo,detodos oscidadãos, ou
seja, detodos aqueles quegozam
dosdireitos de cidadania”. Que de-
mocraciaexcluipela desigualdade,
subtraindo cidadania,oportuni-
dadesedireitos?Arespostaestá
implícita na pergunta: essa não é
uma democracia, masuma oligar-
quia (governo de poucos).
GustavoA.J.Amarante(são Paulo,sP)

Novocrédito imobiliário
Sobre“Caixa lançacrédito imobiliá-
riocomjuroapartir de 2 , 95 %mais
inflação” (Mercado, 20 / 8 ),amedi-
da só auxilia os bancosevai trazer
incerteza paraotomadordo em-
préstimo.ACaixa precisavoltar a
financiar 90 %dovalor do imóvel.
JoséAdelino Schifino(goiânia, go)

Lula
DilmaRoussefftraçou umretra-
tofiel daatual situação doBrasil
(“Lula presoeademocraciaferida”,
Tendências/Debates, 20 / 8 ). Pen-
samentosemelhantetêm advoga-
dos, juízes,desembargadoresepro-
curadores daAssociaçãodeJuris-
taspelaDemocracia.Ogolpe per-
mitiu queopaís ficasse nas mãos
de umgoverno espúrioedéspota,
que nos levará àruína moral, soci-
al eeconômicasenãoforcontido.
Arialdo Pacello(Piracicaba,sP)

*
Nãoadiantafazer um belo discur-
so eterminarcomo#LulaLivre.Te-
mosaLei da Ficha Limpa,eele ain-
daéréu em diversos processos,até
mais sólidos queodotríplex. Não
éLula quem iránosconduzir ao
futuro. Façamos justiçaparacom
ele, mas Lula deve ir dacadeia pa-
ra casa edescansar. Nãosuporta-
mos mais essa polarização.
Eduardo OliveiradeSouza
(Patos deMinas, Mg)

*
Atéconcordo queasra.DilmaRous-
seffcontesteaLavaJatoeasações
do dr.Moro, invalideadelaçãopre-
miada de empresário por alegada
intimidação, depoisrefutada pelo
próprio delator, mas declarar Lu-
la inocenteédemais.Ocaso do trí-
plexéapenas um dos muitos cri-
mes, quecertamenteterão muito
mais provas nos tribunais.
Walter LucioLopes(arujá,sP)

Amazônia
Muitoboaaideia de HélioSch-
wartsman (“VamosvenderaAma-
zônia?”,Opinião, 20 / 8 ).AAmazô-
niaépatrimônio do planetaeper-
tenceaoterritório nacional porfor-
ça da natureza apenas. Se não cui-
damos dela,sepermitimosque ela
seja literalmentedestruída, então
que seja entregueaumpaís que a
valorizecomoreservadoplaneta
(Alemanha,Noruega).
MariaFilomena SantosA.Passos
(ribeirãoPreto,sP)

Hizbullah
OHizbullah,tambémpartidopolí-
ticoeentidade beneficenteeedu-
cacional, sempreagiucomoresis-
tência legítimacontrainvasores
estrangeiros no Líbano.Foi assim
commilitares dos EUAe,depois,
de Israel, países que, não por outra
razão,passaramachamá-lo “terro-
rista” eatentar imputar-lhe culpa
poratentados antijudaicos na Ar-
gentinaeoutrasatividadesescu-
sas,oque nuncafoi de seufeitio
(“Governo estuda mudar status do
Hizbullah paraorganizaçãoterro-
rista”,Mundo, 20 / 8 ).
MauroFadulKurban
(são Paulo, sP)

Apagão de Keanu Reeves
Afaltadeinformações aos mora-
dorescomrelaçãoaoapagão para
filmagens de umasérie deTVéum
desrespeitodaprefeituracom os
munícipes(“A pagão deKeanuRe-
eves assustamoradores nocentro
paulistano”,Cotidiano, 20 / 8 ). Moro
nas imediações doBeco doBatman
e, comfrequência,asruas no entor-
no sãofechadas paraeventos.Nós
ficamos sabendo somentenodia.
Simon Widman(são Paulo,sP)

Raul Seixas
Raul Seixas setornou umverda-
deiromitoda músicabrasileira.
Após 30 anos de sua morte, milha-
resdefãs ainda gritam “tocaRaul”
(“Paulo Coelho diz que sucesso de
Raul Seixasfoiespontâneoeque
persiste 30 anosapós morte”,F 5 ,
20 / 8 ). Seu jeitoúnicoeirreveren-
te oeternizoucomo MalucoBele-
za. Suas músicascomletrascríti-
casepolêmicasvãoseperpetuar
por mais 30 anos.
Derneval José de Souza
(Brasília, DF)

OPINIÃO(19.AGO.,PÁG.A2)Diferen-
tementedoque informava oedito-
rial“A sagadadespoluição”,jáfo-
ramgastos US$ 3 bilhões,enão R$
3 bilhões,emprojetos de despolu-
ição dabacia do rioTietê.

TENDÊNCIAS/DEBATES(20.AGO.,
PÁG.A3)Onomedodramaturgo
epoetaalemãoBertoltBrecht foi
publicadocomerrodegrafia no
artigo“Lula presoeademocra-
ciaferida”.

PaINeLDoLeITor


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Cartasparaal. BarãodeLimeira, 425, são Paulo,CeP 01202-900. aFolhase reserva o
direitodepublicar trechos das mensagens. informe seu nomecompletoeendereço

Osistema de saúde brasileiro, cuja
crise nãoénova, sofreainda mais
comaestagnaçãoeconômicaeode-
semprego, que aumentamademan-
da sobreoSUS.Asaúde suplemen-
taréparteindispensáveldasolução.
Até 1998 ,asaúde suplementar
não eraregulada no Brasil.Alei
9. 656 / 1998 resultou em maior segu-
rançajurídicaedefinição mais cla-
ra de direitosedeveres.Noentanto,
após duas décadas,comoénatural
em qualquer setorregulado,alegis-
lação demanda urgenteatualização.
Asdiscussões se desenrolam há
anoseenvolvem diversos agentes
evisões. Elas sãodebatidas aber-
tamentetantoemfórunssetoriais
quanto no Congresso,ondetrami-
tamcentenas de projetosqueatua-
lizam asregras. Operadoras são par-
te indissociáveldadiscussão,junto
comreguladores, legisladores,pres-


tadores, fornecedoreseconsumido-
res. Nosso objetivoécomum: ampli-
ar oacessoàsaúde.
Isso nãoébom apenaspara as em-
presas,ébom paratodos.Vale lem-
brar que, de acordocomdiferentes
pesquisas,oacessoaplano de saúde
éumdos maioresdesejos da popula-
ção. Nosúltimos quatro anos,cerca
de 3 milhões de pessoas deixaram de
contarcomplanos privados.Namaio-
ria, passaramadispor apenas do SUS.
Asentidadesrepresentativas do
setorvêmbuscando soluções defor-
ma transparenteelegítima.Consi-
deramos que um dos principais ob-
jetivosdeveser viabilizaravoltada
ofertadeplanos individuais,que
hojerepresentamfatia pequena do
mercado — 80 %doingressoéfeito
por meio de planoscoletivos.
Aexperiência internacional de-
monstraque um arcabouçolegal que

permitaoferecerumleque maior de
opções decoberturaéfundamen-
talparaampliaroacesso,namedi-
da em que possibilitasegmentar a
ofertae,assim, adequar os preços a
perfis específicos de usuários. Ho-
je,infelizmente, issonãoépossível.
Há outras iniciativas importantes.
Aprimeiraédiminuircustos,com-
baterfraudeseevitar desperdícios
quecontribuem para ocrescimen-
to das despesas em ritmo bem aci-
ma dos índicesgerais de inflação.
Asegundaécriar incentivosàaten-
çãoprimária, deformaainvestirna
prevençãoeevitaroagravamento
das doenças.Já aterceiraédispor
de um órgãoregulador,nocaso a
AgênciaNacionaldeSaúde Suple-
mentar,com independência, auto-
nomiaequalificaçãotécnica, que dê
mais estabilidadeesegurançajurí-
dicaatodos os envolvidos.
Aconsequência, desejávelepossí-
vel, seráaredução dos preços finais.
Apiorforma detentarresolverum
problemaéfingirque ele nãoexis-
te.Aaprovação dareforma daPrevi-
dência permiteque,nopasso seguin-
te,avancemosrapidamentenas dis-
cussõesemtornodaatualização do
marcolegal da saúdesuplementar.
Temos plenascondições decami-
nhar paraummodelodesaúde que
propicie aos cidadãosmais qualida-
de de vida, em quesesomem os sis-
temas públicoesuplementar. Aho-
ra éagora.

OBrasil crescemenos queomundo
há 40 anos.Operíodo 2015 - 2019 éo
pior da série histórica.Talquadro
resultadeinúmeras distorções no
sistemaeconômico, muitasrelaci-
onadasàatuação do Estado.
Aboa notíciaéqueaatual crise
criou ambientefavorávelaoavan-
ço dasreformas estruturais.Aapro-
vaçãodareformaprevidenciária na
Câmara, sem grandes mudanças,foi
um passo importante. Agoraéavez
dareforma tributária.
Acarga tributária decercade 33 %
do PIB desdeoiníciodadécada pas-
sada não se dá sem custos.Atributa-
çãosobrearendaeapropriedade é
baixaenãogaranteaequidadeentre
os diferentes nem entreosiguais. A
tributação sobreafolha de salários
éelevadaedesestimulaoemprego.
Atributação sobreoconsumo
temvários problemas.Corresponde
àmetade dacargatributária— 4 , 2
pontos percentuais de PIBamais do
queamédia na União Europeia. En-
treosprincipais tributos estão osfe-
derais Cofins, PIS, IPI,IOFeImpos-
to de Importação.Hátambémoes-
tadual ICMSeomunicipal ISS.
Sãováriostributos,comregras
complexas, notadamentenocaso
do ICMSedaCofins. Existeminfin-
dáveis alíquotasebasesdecálcu-
lo, distintosbenefícios tributários
eregimes especiais.Parapiorar,a

cobrançaécumulativaemdiferen-
tesgraus, preponderantementena
origem, nocaso do ICMS.
Resultado: altocusto de cumpri-
mentodasobrigações tributárias,
desestímulo àsexportaçõeseaos
investimentos, elevado grau de li-
tígios, insegurançajurídica,guerra
fiscalentreestados,ineficiência na
economiaefaltadetransparência
para ocidadão.Como as distorções
são enormes,aeliminação do ICMS
traria importanteganhodeprodu-
çãoeemprego. Para isso,atributa-
çãosobreoconsumo precisa seguir
omodeloconsiderado ideal,oIm-
postosobreValor Agregado (IVA).
Nele, aincidênciarecaiapenas so-
breovalor adicionado emcada eta-
pada produção,eacobrançasedá
no destino.Uma ou poucas alíquotas
incidem sobreamplabase de bens
eserviços, sembenefícios tributári-
os nemregimes especiais. Comore-
sultado, têm-se simplicidade, trans-
parênciaeneutralidade,comaeli-
minação dasdistorções apontadas.
Duas propostas dereforma tribu-
táriacomoobjetivodesubstituir tri-
butos sobreoconsumopor um IVA
têmpautadoodebate:aPEC 45 ,em
comissão especialdaCâmarados
Deputados,eaPEC 110 ,naCCJ (Co-
missão de ConstituiçãoeJustiça) do
Senado,ambas desteano.
Mudarosistema tributárioémais

difícil do quemudaraPrevidência.
Sãovárias questões delicadas.Vale
destacar três desafios.Oprimeiro
estánatrocade tributos.Quantos
tributos substituir? Comopreser-
varasreceitas? Em quantotempo?
Como tratarosbenefíciosrelativos
aos tributos substituídos?
Osegundo desafioéofederativo.
Escolherumoudois IVAs?Seforem
dois, serão criados ao mesmotem-
po? Sendoum,comoevitaraper-
da de autonomia dosentes? Qual
aatribuição decada um? E, princi-
palmente,como partilhar?
Oterceirodesafioéavinculação
adeterminadasaçõespúblicas.Os
setorescontempladosreceiam per-
derreceitas.Nessa questão,abre-sea
oportunidade paraflexibilizaraalo-
caçãodos recursos, mas não semre-
sistênciadosprejudicados.
Asduas propostas indicadas en-
frentamdesafios demodos diver-
sos na arquiteturadoIVA,abran-
gência dos tributos substituídos,
prazos de transiçãoetratamento
das vinculações.Issonão impossi-
bilitaoconsenso.
Apropostadogovernofederal será
apresentadaaqualquer momento.
Poderásubstituir seus tributos so-
breoconsumopor um IVAfederal
etornaroImpostodeRenda mais
equitativo. Cogita-se criarumpolê-
micotributosobretransações finan-
ceiras parasubstituiracontribuição
previdenciária do empregador.Sua
presençanãoéusualemoutros paí-
ses. Muitoseconomistas entendem
queprejudicaseriamenteofuncio-
namentodaeconomia.
Odebate sobreareforma tributá-
ria se intensificarádaquipor diante,
eastrêspropostas estarãonofoco
dasatenções.Opaís precisa superar
suas diferençaseenfrentarcomsu-
cesso as enormes distorções do nos-
so sistema tributário.AIFI (Institu-
ição Fiscal Independente), do Sena-
doFederal, daráasuacontribuição.

Avez da


reforma tributária


Saúde suplementar


épartedasolução


TeNDêNcIas/DebaTes


folha.com/tendencias [email protected]
os arti gospublicadoscomassinaturanão traduzemaopinião do jornal. sua publicação obedeceaopropósitodeestimular
odebatedos problemas brasileirosemundiaisederefletiras diversastendências do pensamentocontemporâneo



  • Felipe SaltoeJosué Pellegrini
    Diretor-executivo da iFi (instituição Fiscal independente) do senadoFederal
    Diretor da iFi


  • Vera ValenteeReinaldo Scheibe




Diretora-executiva daFenasaúde (Federação Nacional de saúde suplementar)
Presidentedaabramge(associação BrasileiradePlanos de saúde)


Troche


oferta segmentada decoberturaampliaráoacesso


Épreciso superar diferençaseenfrentar distorções

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