PSICOTERAPIA
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Sofre-se repetindo o mesmo padrão
de escolhas ou comportamento,
considerando sempre o mesmo
modelo engessado de lógica ou raciocínio
capacidade para atender, o que faz
com que eu me frustre por isso e
culpe o outro.
Se eu não me conscientizo dis-
so e aceito essas diferenças entre
as pessoas, fato real e concreto, me
frustro frequentemente e crio con-
flitos esperando que o outro pense
ou responda de uma maneira que
ele não é capaz de fazer. É dolorido
para ambos os lados: o que cobra
ou espera uma resposta diferente da
possível. E o que nunca conseguirá
responder satisfatoriamente às ex-
pectativas ou anseios do outro.
Fantasias
D
essa forma vemos muitas pesso-
as hoje se relacionando não com
as pessoas reais, mas com fantasias ou
ilusões que criam umas em relação às
outras. E muitas vezes de si mesmos.
O que gera muito mais dor, conflito e
sofrimento para todos os lados.
São pessoas que se machucam e
sofrem as consequências por julga-
rem o outro de acordo com sua ótica
e ponto de vista, porque imputam-lhe
intenções, sentimentos e pensamen-
tos que nada têm a ver com o outro.
São falsas e distorcidas especulações,
frutos do espelhamento de suas pró-
prias marcas no outro ou projeções de
seus maiores temores, causando caos
e dor como se reais fossem.
Se não aceito, deixo de viver o
mundo real e me mantenho apri-
sionado ao mundo da ilusão, onde
residem não só os sonhos como
também nossos medos e traumas
profundos. Nego o mundo que na
realidade existe e insisto em tentar
viver no mundo que eu julgo que
deveria existir. Vivo o “como deve-
ria ser” e não o como de fato a vida é
ou pode ser ou vir a ser.
Sofre-se repetindo o mesmo pa-
drão de escolhas ou comportamen-
to, considerando sempre o mesmo
modelo engessado de lógica ou ra-
ciocínio que nada tem a ver com a IMAGENS: SHUTTERSTOCK E FREEPIK
Mudança e aceitação são, na ver-
dade, palavras que andam juntas.
Afinal, aceitar algo significa em al-
guma instância uma mudança – se
não de paradigma, a mudança de um
comportamento ou atitude.
Aceitar significa parar de resis-
tir ou dispender energia ou esforços
com algo que não pode nem poderá
ser diferente. É abrir mão da queda
de braço que travamos com situa-
ções ou pessoas na vida que não nos
levarão a lugar algum e que acarre-
tarão apenas exaustão e sofrimento
físico, emocional e mental, podendo
desencadear, inclusive, graves ques-
tões psicológicas. Daí provém o cor-
riqueiro e sábio jargão: “aceita que
dói menos”.
Quantos de nós nos pegamos
sofrendo excessivamente pela difi-
culdade de aceitar algo em nossas
vidas? Seja uma reação inadequada
que continuamos mantendo, um
emprego que não era o sonhado, um
casamento difícil que nos faz ques-
tionar se devemos insistir naquele
caminho e até o simples fato de que
cada um é um ser diferente – com
valores, crenças, anseios, educação
familiar, forma de ser, pensar e agir
diferentes. E embora todos saibam
disso vemos a maioria das pessoas
sofrendo pela maneira diferente do
outro ser. Seja pela expectativa que
foi gerada em relação ao outro com
base em nossa bagagem pessoal, que
faz com que eu espere que o outro
pense ou se comporte como eu fa-
ria, ou nas demandas que foram
criadas em relação ao outro, mas
que, na verdade, o outro não tem
A primeiro conceito que vem à mente quando se trata de psicoterapia é a mudança. De valores,
crenças limitantes, emprego, expectativas etc.
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