Psique - Edição 156 (2019-02)

(Antfer) #1

PSICOTERAPIA


28 psique ciência&vida http://www.portalespacodosaber.com.br

Se eu não me


conscientizo e


aceito as diferenças


entre as pessoas,


fato real e concreto,


me frustro


frequentemente


e crio conflitos


esperando que


ooutro pense


ou responda de


maneira que ele não


é capaz de fazer IMAGENS: SHUTTERSTOCK E FREEPIK


e se condenando, procurando poste-
riormente alternativas que agora ele
acredita que deveria ter escolhido.
E essas alternativas se materia-
lizam numa lista obsessiva e tortu-
rante de falsas possibilidades que
começam com duas palavras comu-
mente usadas nessas situações: e
se... Palavras aparentemente inofen-
sivas, mas altamente torturantes e
paralisadoras se usadas juntas para
descrever algo que julgamos que po-
deria ter sido feito no passado.
“E se eu não tivesse falado?”, “e
se ele não tivesse ido?”, “e se eu ti-
vesse tentado?”, “e se ele tivesse per-
dido aquele voo?”
Muitas possibilidades falsas que
só aumentam a dor e o martírio de
quem se desgasta por não aceitar o
fato como foi. A dor de quem se ma-
chuca mesmo sabendo que sua in-
tenção no fundo não era de que algo
ruim acontecesse.
A culpa acaba se tornando uma
prisão perpétua. Na qual o réu é
também seu implacável juiz, que
se aplica a mais dura pena. E por
mais que todos o absolvam e ten-
tem livrá-lo daquela pena excessiva
e inadequada, ele não se permite li-
bertar e seguir adiante. Se torna seu
pior algoz, se punindo por não ter
feito melhor do que, de fato, podia
fazer naquele momento.
Outro caso na Psicologia, fre-
quentemente recebido nos con-
sultórios e que também está dire-
tamente ligado à incapacidade de
aceitação, é a depressão.
A depressão também envolve
uma grande dificuldade da pessoa em
aceitar algo em sua vida, nela mesma
ou em alguma pessoa, que não fun-
ciona como ela gostaria. Diante da
impossibilidade de ser como gostaria
ou de viver como gostaria, o deprimi-
do se ressente, se entrega e, frequen-
temente, se revolta contra a vida, es-
tagnando diante de uma situação que
ele não desejava que ocorresse.

considerado algo naquela ocasião.
Ele não consegue aceitar que come-
teu aquele erro e não se perdoa pelo
que fez. Como se ele exigisse dele
uma perfeição que não tem.
Não aceita que, naquele mo-
mento do erro, não teve condições
de pensar de outra forma e, por isso,
fica incessantemente se martirizando

percebem que repetiram mais uma
vez o antigo padrão ou “erro”.
E aí está em jogo também o pro-
cesso de mudança primordial em
sua estrutura rigorosa e rígida, que
não lhe permite o natural processo
de ensaio e erro de todo aprendiz no
caminho de crescimento e autoco-
nhecimento.
Como exigir que depois de en-
sinada uma lição o aprendiz siga
de pronto acertando sem nenhuma
possibilidade de equívoco ou erro?
A capacidade de aceitar os erros
e encará-los como um caminho ne-
cessário para conquistar os acertos é
o caminho mais tranquilo e humano
a se percorrer.

Prepotência


A


culpa, um sentimento tão sofri-
do e aprisionador, traz com ela
uma carga de prepotência tão gran-
de que se deflagra claramente na in-
capacidade do culpado em aceitar o
que fez ou como fez.
Vemos o culpado se penalizar
duramente por não ter tido condi-
ções de fazer algo, por não ter pen-
sado de outra forma ou por não ter

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diferente do que se está acostumado.. Sair do padrão ou da zona de conforto é doloroso

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