TRANSTORNO ALIMENTAR
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A perturbação alimentar pode
acontecer diante de alterações sensoriais
relacionadas a odor, textura ou cor dos
alimentos ou pela falta de interesse
ou aversão ao alimento e merece maior
atenção e tratamento multidisciplinar
podem e devem buscar orientação
e/ou tratamento sempre que hou-
ver algum indício de sofrimento
ou prejuízo por parte da criança ou
que, de alguma forma, as dificul-
dades alimentares estejam atrapa-
lhando na dinâmica familiar (p. ex.:
as refeições da criança sempre pre-
cisam ser diferenciadas das do res-
tante da família; quando sai com a
família para algum restaurante não
come nada) ou social (criança evita
ir para casa de amigos devido à res-
trição alimentar) (Milnes; Piazza;
Carroll, 2013).
Psicoterapia
C
omo a terapia cognitivo-
-comportamental (TCC) é
uma abordagem semiestruturada,
objetiva e baseada em metas, tem
sido bem indicada nas intervenções
associadas às dificuldades com
alimentação, pois é possível iden-
tificar os pensamentos distorcidos
e padrões comportamentais que
influenciam e mantêm o padrão de
resistência, seletividade ou aversão
ao alimento (Duchesne, 2002). Ain-
da existem poucos registros sobre
técnicas específicas para casos de
dificuldades alimentares e padrões
restritivos, sendo mais comum na li-
teratura estratégias voltadas a trans-
tornos como anorexia e bulimia.
É importante destacar que a fa-
mília tem uma influência enorme
nos hábitos e comportamentos ali-
mentares. É imprescindível que o
profissional faça questionamentos
precisos sobre a dinâmica alimen-
tar da família, numa construção de
uma anamnese seletiva para a ques-
tão principal, com a investigação do
estilo parental e do perfil da criança.
O processo terapêutico deve
ser baseado em atividades lúdicas.
Gradativamente, com psicoeduca-
ção e exposição, favorecendo ini-
cialmente segurança no processo.
Algumas estratégias práticas po-
dem ser adotadas com o auxílio de
materiais lúdicos. Veja boxe Es-
tratégias práticas com materiais
lúdicos.
Plano de intervenção
O
desenvolvimento de dificul-
dades alimentares é complexo
TÉCNICAS TERAPÊUTICAS
PARA SABER MAIS
O
psicólogo pode guiar os pais nessa orientação, com treinamento dirigido
à questão alimentar.
Algumas atitudes que podem ajudar no processo:
- Construir uma rotina alimentar com horários preestabelecidos para refeições.
- Refeições servidas em local agradável e limpo, favorável para essa
aprendizagem. - Ambiente de refeição deve ser: tranquilo, sem brigas, agressões e ameaças,
para construir registros emocionais positivos. - Sempre que possível, estimular a participação ativa da criança no preparo do
alimento (respeitando a idade e a habilidade); pode ser um agente motivador
para provar novos sabores e texturas. - Refeições em família. Estar na mesa junto com a criança, servindo de “mo-
delo” tanto do ato de comer como pela construção de memórias positivas e
agradáveis. - Transforme o momento das refeições em momento lúdico. Brincar e interagir
com os alimentos serve como dessensibilização e construção positiva alimen-
tar. A criança pode tocar na comida e sujar-se. É por meio dos sentidos que
ela se relaciona com o mundo. - Levar a criança a ambientes distintos, que ofereçam a alimentação como
foco (supermercado, feiras livres, restaurantes). - Evitar frases de desânimo: “Já sei que não vai experimentar nada”, “Hoje você
não vai comer, não é?”, “Será que um milagre vai acontecer e você vai comer?”. - Retirar distrações como: televisão, tablet, celulares.
- Podem utilizar de criatividade para organizar as refeições da criança, que
podem servir como estímulo para o ato de comer. Varie no formato, faça de-
talhes divertidos e invista no humor. - Mantenha os alimentos saudáveis em lugar visível para a criança, para que ela
possa se familiarizar.
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