assessores presidenciais difundia aos quatro ventos que o Ministro do Exército estava fazendo
viagens de propaganda política. Segundo informações seguras, foram, até, transmitidas ordens à
imprensa e à Agência Nacional para silenciar sobre estas visitas.
Nunca tratei de assuntos desta natureza, em viagens de inspeção ou reuniões militares de
qualquer espécie, nem mesmo nos despachos e audiências com os generais. Desafio que me
desdigam, já que provar ninguém poderia fazê-lo. O general Ariel Pacca da Fonseca foi o único que
teve a coragem moral e a dignidade de proclamá-lo de público e em reunião com os seus oficiais.
Disse-o, também, segundo sua honrada palavra, ao presidente, quando por ele chamado no dia 12 de
outubro de 1977. Aos demais generais-de-exército do Alto Comando - que, acredito, tenham lido o
famoso livro Servidão e grandeza militares - aconselho que o releiam para bem interpretar o
pensamento do autor sobre a honra, por ele definida como o "pudor viril"1 Ser-lhes-ia muito útil esta
leitura e a meditação sobre suas judiciosas palavras, em particular quando escreve que a honra é uma
coisa sagrada para nós militares.
Jamais disse, também, nessas inspeções, qualquer termo ou expressão que pudesse atingir o
governo ou algum de seus membros, mesmo indiretamente. Ao contrário, procurava sempre preservá-
los da maledicência que sentia dissimulada em comentários. Era um dever agir desta maneira, uma
questão de foro íntimo, de lealdade, que para mim nunca foi relativa.
Revi, na primeira quinzena de maio, as guarnições de Petrópolis, Vila Militar e Niterói.
Conhecia-as bem, pois comandara em época recente o 1 Exército. Exemplares, sob todos os
aspectos, até na compreensão quanto à escassez de recursos, dos quais tinham premente urgência.
Apoiei-as com o máximo interesse.
A viagem ao IV Exército não trouxe novidades ao quadro geral. Muito trabalho, dedicação
insuperável e os inevitáveis pedidos de recursos. Lastimavelmente não conseguiu meu avião, por
imperativo de tempo, descer em Fernando de Noronha, que sobrevoamos por muitos minutos. Os
mesmos problemas e em conseqüência as mesmas soluções. Ligado por sangue aos nordestinos,
orgulhei-me de notar, num Exército de prioridade baixa, na escala de provimento estabelecida pelo
Estado-Maior do Exército, de acordo com nossos planos operacionais, um entusiasmo comunicativo
pelas novas medidas de reorganização das unidades e de apoio breve e contínuo aos comandos de
tropa. O clima hostil e a adversidade moldaram no nordestino o soldado ideal das árduas campanhas,
e os puros sentimentos de honra, família e Pátria, bafejando-lhe o espírito, fizeram-no um homem de
inabaláveis convicções. É difícil dominá-lo - não digo vencê-lo - pela violência, mais fácil é
conquistá-lo pela persuasão. O Nordeste tem, não nos iludamos, o soldado pertinaz e sóbrio, o
combatente das resistências, o homem das lutas longas e difíceis.
Estive nas guarnições de Salvador, Natal, Recife e Fortaleza, comandadas por generais; só
poderia louvá-las pelo que vi e ouvi, durante as demonstrações programadas.
Percorri, em setembro, a Amazônia. É um mundo diferente! Tudo ali é grandioso. A pujança das
matas, a abundância das águas, a extensão da planície e imensidade do desconhecido encantam mas