Theodoro Hertzl - citado como o criador do sionismo - a primeira conferência sionista, visando a
"garantir ao povo judaico uma pátria na Palestina governada pela lei pública""
Temerosos de que ao movimento sionista fosse atribuído o caráter racial e, conseqüentemente,
recrudescesse a perseverante perseguição, muitos judeus opuseram-se ao ideal sionista; outros
aceitaram-no sem condicioná-lo, contudo, ao solo da prometida Palestina. Um terceiro grupo, no
entanto, obstinava-se em defender a terra de Canaã como a única solução que atenderia as
reivindicações judaicas, posto que ali repousavam as milenares e sagradas tradições do povo hebreu.
Não teria sentido, diziam estes últimos, para as suas aspirações, a formação de uma Pátria judaica
em outra região geográfica.
O movimento sionista floresceu; os judeus compraram terras na Palestina e fundaram, em 1907,
nas dunas do litoral, a cidade de Tel-Aviv, a "Colina da Primavera". Vieram depois as duas
Conflagrações Mundiais, choques ferozes entre árabes e judeus e, finalmente, a criação do Estado de
Israel, a 14 de maio de 1946. As guerras dos Seis Dias e do Yom Kippur evidenciaram, a par da
instabilidade política, as dificuldades de conciliação dos interesses árabes e israelenses no Oriente
Médio.
O sionismo nada mais é, portanto, do que a ardente aspiração judaica a uma Pátria livre.
Constitui um movimento político-religioso, de cunho nacionalista, cujo único e grande objetivo era, e
continua a ser, a existência de um Estado judaico. Confundi-lo com uma forma de racismo e
discriminação racial não honra a lógica que conduz o raciocínio na busca da verdade. Antes de tudo
é uma capciosa insinuação, insustentável na análise dos fatos históricos. Se algum povo, na vida da
humanidade, sofreu discriminações foi o israelita, especialmente a partir da diáspora.
Os judeus, repelidos e considerados perniciosos, na impossibilidade de assimilação, irmanaram-
se na adversidade, sustentados pelas idéias morais e religiosas de seus antepassados. Mantiveram-
se, assim, coesos até a volta à terra de Canaã. Tudo isso deu-lhes uma técnica peculiar de viver, para
poder sobreviver.
Todavia, o que está subentendido e nos parece de suma importância, na ardilosa resolução
apresentada, é o seu complexo aspecto político. Procurava-se afastar o Estado de Israel da
Organização das Nações Unidas (ONU), temporária ou definitivamente, minando, para isto, um dos
pilares essenciais de sua sustentação - o sionismo. Visava-se, outrossim, parece-me claro, uma
tomada de posição quanto ao litígio árabe-israelense. Sob certos ângulos - o econômico e o
ideológico, como exemplos - esta definição era de vital interesse para numerosos países enfeudados
ao marxismo ou pressurosos em mostrar suas simpatia aos dominadores dos poços de petróleo do
Oriente Médio.
A situação geopolítica não pode ser esquecida na apreciação do panorama geral. Algumas áreas
do Levante e do Oriente Médio são de imenso valor estratégico para as grandes potências, em
particular para as que orientam a política dos dois blocos antagônicos - o democrático e o socialista.
Entre essas áreas destaca-se a da Palestina, muito valorizada após a saída dos ingleses do Egito, em