IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

  1. Naquela ocasião, a GrãBretanha voltou-se para essa região, o que, pela situação topopolítica,
    podia compensar a perda daquele país e, já em 1947, começaram os ingleses a transferir material de
    guerra do Egito para a Palestina, então sob o mandato britânico. Os russos, sem perda de tempo,
    alastraram sua influência pelo Egito e, em 1957, vendiam submarinos e quantidade apreciável de
    moderno material bélico aos egípcios e mais tarde à Síria.


O pan-arabismo, estimulado pelos comunistas, esforçava-se por expelir Israel da Ásia;
entretanto, os chefes árabes tinham suas divergências e suas ambições pessoais, que impediram uma
duradoura união. A fragmentação da República Árabe Unida provou-o de sobejo. Essas dissensões
ajudaram Israel.


A Rússia, infelizmente para nós democratas ocidentais, continuava e continua conquistando o
domínio dos pontos-chave da geopolítica universal. Não lhe interessava, por isso, numa área tão
importante, a existência do Estado de Israel, reconhecidamente usufrutuário da influência norte-
americana. Assim, considera os judeus inimigos do regime soviético.


Um novo livro - Ideologia e a prática do sionismo internacional -, escrito sob supervisão do
teórico do Partido Comunista Mark Mitin e elogiado pelo jornal Pravda, descreve o sionismo como
"a ideologia chauvinista da poderosa burguesia judia"; chama as organizações culturais e de caridade
judaicas no Ocidente de "focos de subversão" e insiste em acusar estas organizações estrangeiras de
responsáveis por "desvios ideológicos", devendo seu contato ser evitado com judeus russos. Chega à
desfaçatez de acusar os sionistas de terem desempenhado papel relevante nos acontecimentos de
1968, na Tchecoslováquia, conhecidos como a "Primavera de Praga".


Os conceitos do livro, apreciados no conjunto da política soviética, deixam perceber quanto as
contradições desta política são apenas aparentes. Aqui, combate o sionismo, acusado de chauvinista
e dissociador; ali, incentiva, nas minorias raciais, o nacionalismo, como caminho mais favorável e
adequado parajungi-las ao internacionalismo comunista. Os fins, para os soviéticos, justificam
plenamente os meios, visto que têm o objetivo de implantar, de qualquer maneira, o marxismo no
mundo.


Na segunda quinzena de outubro de 1975, na reunião da Comissão Social Humanitária e Cultural
da ONU, o Brasil definiu o seu voto favorável à moção anti-sionista. Três outros países americanos -
Chile, Guiana e México - tiveram o mesmo procedimento. O governo dos Estados Unidos dirigiu,
então, àqueles países e ao Brasil uma nota em que, a par de argumentos contrários à moção aprovada
na Comissão, sugeria fossem modificadas as posições já tomadas. Falando à imprensa, John Rahner,
porta-voz do Departamento de Estado, disse que a nota tinha sido dirigida aos quatro países porque
"os consideramos amigos dos Estados Unidos, e talvez pudessem mudar seu voto na Assembléia-
Geral ...".37


Como veremos, na votação final o Chile reconsiderou o seu voto para abstenção, porém os
outros três países mantiveram o voto favorável à resolução.

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