assunto e lembrei-lhe os nomes dos oficiais para a substituição combinada, reiterando-lhe
recomendações.
A MORTE DO OPERÁRIO MANOEL FIEL FILHO
Na segunda-feira, dia 19 de janeiro, cheguei ao meu gabinete em Brasília às oito horas e dei início
ao estudo de alguns documentos pendentes de despacho. Minutos depois apareceu o general-de-
brigada Confúcio Danton de Paula Avelino, Chefe do CIE, que regressava de uma viagem a Manaus.
Aproximou-se, cumprimentou-me e, colocando sobre a mesa um pedaço de papel em que estava
escrito um nome, disse-me:
- Ministro, morreu um homem em São Paulo.
Fez, a seguir, menção de retirar-se.
Levantei-me bruscamente e interpelei-o:
- Morreu onde? Como? Quem era esse homem?
Esclareceu-me, então, o general Confúcio, que sábado, dia 17, tinha-se suicidado, no DOI do II
Exército, um militante do Partido Comunista. Era um operário e a morte fora por enforcamento.
Fiquei revoltado com a notícia. Era inadmissível que tivesse ocorrido uma terceira morte por
enforcamento, no DOI do II Exército, apesar das constantes recomendações sobre a segurança dos
presos.
- Por que somente hoje estou sendo avisado? Não saí de Brasília! Quando o CIE soube disto?
Estas foram as perguntas que formulei.
O general Confúcio lembrou que ele não estava em Brasília e que o Subchefe do CIE, coronel
Ruy Cavalcanti Baptista, que respondia pelo cargo, não achara necessário informar ao ministro.
Bastante irritado continuei:
- Quando o II Exército informou da morte? Hoje? Ontem? Quando? Esclareça-me tudo.
O general Confúcio não soube ou não quis dizer quando o II Exército prestara a informação,
ponto capital para mim, pois poderia ter existido a intenção de esconder o fato e só comunicá-lo após
o sepultamento.
Disse-me, apenas, que o general D'Ávila Mello passara o fim de semana fora da cidade de São
Paulo, e fora surpreendido com a notícia ao regressar naquela manhã de segunda-feira. Quanto à
informação que eu acabara de pedir, iria procurar obtê-la.