IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

povo numa grande Pátria, sentiam-se confortados em seguir uma profissão cujos nobres objetivos
coincidiam com os seus e, por isso, julgavam-se também responsáveis por sua conquista e
preservação. A Escola Militar do Realengo plasmou-os soldados profissionais sem afetar as
convicções político-sociais que por acaso trouxessem do meio em que viviam, e ainda, sem incutir-
lhes idéias que pudessem levá-los a contestações e rebeldias.


Não se pode atribuir, por conseguinte, à sua formação, tais pendores revolucionários.

O que de fato parece ter influído, de modo marcante, no procedimento político daquelas gerações
militares foi a sua origem socioeconômica, condição que julgo pacífica para explicar suas atitudes
após o ingresso no oficialato.


Edgard Carone, com a perspicácia habitual, já a realça no seu livro citado e os estrangeiros -
estudiosos do problema da interferência dos militares na política, na América Latina - entre os quais
cito José Num e John J. Johnson, consideram-na central para o exame da questão. O assunto, por sua
excepcional importância, atraiu também a atenção de José Luiz de Imaz em trabalho sobre oficiais-
generais da Argentina e a de Javier Romero ao tratar de uma turma de cadetes mexicanos.6


No Brasil, após a proclamação da República e, em particular, nas primeiras décadas do século
xx, a carreira das Armas começou a cativar a preferência da classe média, predileção que se
acentuou no Exército com a criação da Escola Militar do Realengo. No qüinqüênio de 1962 a 1966,
alcançou a elevada percentagem de 78% do efetivo da Academia Militar das Agulhas Negras.


A inter-relação entre as origens dos oficiais e o seu comportamento político vem dando ensejo a
interessantes estudos, infelizmente realizados sobre parcos dados que não permitem apreciações
definitivas. Entretanto, já não se pode repelir a importância da penetração das idéias de suas classes
no campo militar e seus reflexos nas decisões tomadas, principalmente, se sustentadas por numerosas
vozes.


Acontece ser o Exército Brasileiro, que não apresenta nenhum ranço de castas, a mais lídima
representação do nosso povo, dado que nele se aglutinam homens de todos os rincões, sejam quais
forem suas procedências, sem distinções de classes sociais, de grupos étnicos ou de religiões. Seu
espírito de luta é o da gente brasileira, caldeado no choque com a agressividade aborígene e no
combate ao adventício, mas, sempre e incondicionalmente, voltado para a defesa da terra natal e dos
interesses pertinentes à Nação.


Seu pensamento e sentimentos expressam, assim, valores médios do nosso povo.

A Escola Militar, cujo recrutamento processa-se em idênticas bases, por isso, constitui uma
amostragem, sob todos aspectos, do Exército Brasileiro.


A partir daquela época, a convergência de consideráveis contingentes da mocidade de classe
média para esse estabelecimento de ensino, a par do seu entusiasmo pela profissão e vibrante

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