IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

militares, porquanto não estavam previstas promoções normais. Não houve, realmente, promoções a
general-de-exército e, apenas, uma a generalde-divisão, o que deve ter atormentado os caçadores de
vagas do Planalto.


Ocorreram, todavia, promoções a general-de-brigada que deram lugar a algumas divergências
com o presidente.


Entre os coronéis candidatos ao acesso estavam os coronéis Hélio Ibiapina de Lima e Arídio
Brasil, homens de reconhecida capacidade profissional e acentuado valor revolucionário.


O coronel Arídio Brasil, primeiro colocado na relação do Alto Comando, comandara com brilho
e energia o Forte Copacabana, o qual revoltou às primeiras horas de abril, quando ainda era bem
nebuloso no Rio de janeiro o panorama da Revolução. Por ocasião do ataque ao Quartel-General da
Artilharia de Costa, nas proximidades daquela unidade, realizado por um grupo de alunos da Escola
de Estado-Maior do Exército, já o Forte estava, desde a madrugada, com sua guarnição a postos,
pronta a combater pela nossa nobre causa.


O coronel Ibiapina, soldado valente e capaz, tivera participação destacada nos acontecimentos
revolucionários, em Recife, nos primeiros e difíceis momentos, em que só se arriscaram os
idealistas.


O presidente, envenenado por capciosas informações, não considerava o coronel Arídio
revolucionário e tinha o coronel Ibiapina como radical.


As restrições eram, até, pueris e fáceis de destruir com argumentos da realidade. Consegui fazê-
lo, recordando os fatos. Cedeu o general Geisel e os dois coronéis foram promovidos.


Criada a Imbel, sugeri ao general Geisel a nomeação de um general-de-exército para presidi-la.
Na fase inicial de transição do sistema militar para o do empresariado civil não haveria, do meu
ponto de vista, solução melhor. Embora reconhecesse a necessidade de um general naquelas funções,
divergiu quanto ao posto, que deveria, no máximo, ser o de general-de-divisão. Isto, acrescentou o
presidente, para facilitar a subordinação ao Ministro do Exército, pois sendo o Chefe do
Departamento de Material Bélico do posto de general-do-exército, a Imbel deveria ser dirigida por
general de patente mais baixa. A observação do presidente pareceu-me sincera e sensata;
posteriormente, porém, como veremos, mudou de opinião.


Os hermeneutas das leis relativas às promoções, que pululavam no Planalto, devem ter entrado
em pânico com as perspectivas para 1976, quando perceberam que, dificilmente, seria atingida a cota
mínima - oito vagas - estabelecida para o posto de general-de-divisão sem a aplicação da medida
legal da expulsória. Estes cálculos, naturalmente, eram feitos admitindo-se o processamento normal
das promoções, no âmbito da legislação vigente. Somente situações imprevistas poderiam modificá-
los.

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