no dizer da imprensa do palácio do governador, "sobre o problema das cheias no Rio Grande do Sul,
entre outros assuntos".
À tarde, retornou ao Quartel-General do III Exército, ali permanecendo durante hora e meia, em
conversa, que não transpirou, com o general Bethlem. Consultou o cardiologista e às quatro e meia da
tarde a agência local do SNI.
Regressou a Brasília às nove horas da manhã de sábado 13, tudo, ainda, consoante a mesma
fonte.
Ao ler o noticiário, estabeleci imediata ligação com o general Bethlem, a quem interpelei sobre
o fato, estranhando que ele, o Comandante do Exército, não me tivesse participado o ocorrido.
Desculpou-se o general Bethlem, dizendo que tinha sido uma visita particular, de companheiro, uma
ligação de amizade, não julgando por isso necessária uma participação ao ministro. Não via motivos
para que eu me aborrecesse. Aceitei as escusas do Bethlem, ainda que não justificassem o
procedimento do general Figueiredo.
O comportamento do general Figueiredo era, no mínimo, aético. Não poderia, como ministro,
visitar um quartel do Exército e entender-se com generais, sobre quaisquer assuntos, sem que o
Ministro do Exército fosse avisado.
A análise de sua estada na capital gaúcha, em especial do horário que cumpriu, não abona a
informação de que o verdadeiro motivo da viagem tenha sido um check-up. Era uma explicação
pueril como infantis foram os esclarecimentos do Comandante do Exército.
Não atribuí todavia à ocorrência a grave finalidade que se admite hoje - a de um entendimento
prévio com os comandantes do III Exército e da 3 Região Militar sobre a minha exoneração. Válida
esta especulação, o general Figueiredo deve ter assentado com aqueles comandantes medidas e
condutas, prevendo a evolução dos acontecimentos. Claro está que o nome do provável sucessor do
ministro deve ter sido cogitado.
Não imaginei, nem por absurdo, que se estivesse dando curso a uma confabulação, ou melhor, a
uma conspiração.
A imprensa divulga, através da revista Visão de 28 de novembro de 1977, página 7, uma versão
destes acontecimentos, reforçando as reflexões que acima fiz:
Em meados de agosto, o general João Baptista Figueiredo viajou para o Sul, a fim de fazer
exames médicos, segundo se noticiou na ocasião. Mas o Chefe do SNI aproveitou a estada em
Porto Alegre para fazer contato com o então Comandante do III Exército, com quem conversou
longamente. Ao retornar a Brasília, Figueiredo levou ao presidente Ernesto Geisel a
tranqüilizadora garantia de que poderia contar com o general Fernando Belfort Bethlem, se
viesse a precisar dele para assumir, numa emergência, o Ministério do Exército.