Todos aqueles que divergem dos comunistas e de seus simpatizantes, não se deixando seduzir
por uma catequização - eivada de deformações semânticas - não escapam à pecha de fascistas.
Por que essas reações?
Procuremo-lhes as razões, examinando o que dizia, em essência, na minha nota:
- Defendia valores morais e cívicos que alicerçam a nossa civilização cristã;
- Denunciava a infiltração comunista em quase todos os setores da vida pública;
- Repelia o reatamento diplomático com a República Popular da China, sob condições acintosas
e desabonadoras à nossa soberania, impostas pelo governo de Pequim. Estas exigências eram o corte
das relações com a República Chinesa e o confisco dos bens nacionalistas no Brasil, o que,
servilmente, foi feito; - Criticava a política de low profile - atividade silenciosa - que permitiu, quase em segredo, os
votos de abstenção dados à Cuba e à OLP para o ingresso, respectivamente, na OEA e na ONU, numa
indubitável manifestação de simpatia ao marxismo. Censurava, ainda, como fruto dessa política, o
precipitado reconhecimento do governo comunista de Angola, sob forte "proteção" (ocupação)
militar soviético-cubana; - Alertava contra a estatização que já engloba hoje (1980), segundo dados do relatório da
Secretaria de Controle das Empresas Estatais, divulgados pela imprensa, um total de 560 empresas,
com mais de um milhão e 400 mil funcionários e um ativo superior a dez trilhões de cruzeiros,
quantia correspondente, aproximadamente, a cinco vezes o orçamento fiscal previsto para o ano de
1981; - Finalmente, clamava contra a omissão do governo no responder às acusações, claras e
ostensivas, de corrupção e irregularidades na administração pública, comportamento que colocava
sob suspeita a honestidade revolucionária.
Em qualquer país democrata - usado, aqui, o termo em sua lídima acepção - tal libelo, se não
recebesse unânime apoio, não sofreria, no entanto, revoltantes reações, porquanto era, também, o
desafogo de uma consciência revolucionária, visando a salvar uma Revolução agonizante, que fora
abençoada pelo povo, mas estertorava, então, nos braços de filhos incapazes e degenerados.
Por essas razões as correntes marxistas - de todas as nuanças - não poderiam aplaudir quem
viesse a público defender os já descorados postulados de 1964. Pelo contrário, tenderiam a
combatê-los e a ridicularizá-los, valendo-se dos fartos meios de comunicações postos sempre à
disposição desses grupos.
Infelizmente, veementes indícios mostravam que, havia tempos, o Brasil não era mais "UM PAÍS