IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Francisco Boaventura aos jornais, deformação que recebeu publicamente o seguinte repúdio deste
oficial: "Desprezo o julgamento do órgão de publicidade, como a Veja, que, tendo em mão a verdade
dos fatos, não hesitou em deturpá-la, com objetivos inconfessáveis."


Isto não a corrigiu de vagabundear pelo campo dos boateiros, na procura de balelas - se possível
bem escandalosas - para encher de atrações as suas páginas. O trecho abaixo transcrito da Veja de 26
de novembro de 1980 reforça essa opinião:


Logo que soube que fora demitido, em outubro de 1977, Frota telefonou para o então Comandante
da IV Divisão do Exército, em Belo Horizonte, e pediu o seu apoio para uma eventual resistência
à decisão do presidente Geisel. Bandeira respondeu: "General, entre as ordens do comandante
supremo das Forças Armadas e as de um ministro já demitido, eu devo obediência ao
presidente."

Por muito que menospreze o general Bandeira, não acredito tenha descido a este aviltamento de
mentir descaradamente. O que ocorreu está narrado no capítulo adequado deste livro; o que está
publicado não pode merecer crédito, em vista das habituais deturpações da revista e do libelo do
coronel Boaventura.


É assim que se esclarece a Nação e orienta-se a opinião pública no Brasil!

AS PERSEGUIÇÕES


O capitão da Arma de Cavalaria, da reserva de 2á Classe, Heitor Aquino Ferreira, demitido, a
pedido, do serviço ativo do Exército em 13 de agosto de 1969, tornou-se, ou já era naquela época,
amigo íntimo do general Golbery do Couto e Silva. Através desta amizade chegou às culminâncias da
influência palaciana, no cargo de secretário particular do presidente Ernesto Geisel - rótulo que fez
gravar nos seus cartões. Distribuía-os a oficiais que chegavam a Brasília, visando a atraí-los com
melosas palavras ao palácio do Planalto, na busca de adeptos para a candidatura Figueiredo.2


Quando eu servia como Chefe do Gabinete do ministro Lyra Tavares, vi esse oficial
perambulando pelos corredores ministeriais. Não o conhecia, no entanto informaram-me que era um
capitão muito inteligente - primeiro da turma de Cavalaria de 1956 - que, julgando-se frustrado na
carreira das armas, arranjara uma ocupação rendosa no meio civil, pretendendo, por isso, demitir-se.
Surpreendeu-me o esclarecimento, porém, especulando sobre sua atitude, concluí que provavelmente
se tratava de um homem sem idealismo, mercenário por índole e ambicioso por egotismo, que fizera
da Academia Militar das Agulhas Negras apenas um trampolim. Nestas circunstâncias seria até
agradável e lucrativa sua saída de uma profissão em que se eriçam, a cada passo, os sacrifícios.


Entre as suas normas de proceder - consoante informações de oficiais que o visitavam - estava o
lema de que um adversário político não deve ser apenas vencido, mas sim destruído. Este
pensamento, diziam seus amigos, provava sua sagacidade e maturidade políticas.

Free download pdf