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e 70%), no caso da própria Montes. O “sem co-
roa” embute uma crítica ao culto de muitos jor-
nalistas e consumidores mais informados tanto
a vinhos feitos com variedades que estão sendo
recuperadas no Chile (Cinsault, Carignan, Gre-
nache e Mourvèdre são alguns exemplos que
cita) como aos chamados vinhos naturais ou
orgânicos (ver quadro). Dos primeiros, diz que
são vinhos interessantes e bem feitos, mas difí-
ceis de vender, porque o consumidor, em geral,
é “pouco aventureiro”. E definitivamente não é
grande admirador dos chamados vinhos “natu-
rais”, como deixa claro ao reproduzir, aos risos,
o comentário de um amigo. “Ele diz que hoje,
numa degustação, se alguém apresentar um Ca-
bernet normal, limpo, de um bom vale chileno,
tem que pedir perdão por não levar alguma coi-
sa diferente, com acidez volátil alta, oxidação e
aromas a qualquer coisa”.
Outra demonstração do pragmatismo com
que Aurelio encara o mercado foi seu projeto de
produzir vinhos no Napa, no final dos anos 2000.
Ele não esconde que o principal motor da inicia-
tiva foi o orgulho profissional. “Queria demons-
trar a mim mesmo e ao mundo que somos capa-
zes de produzir vinhos de qualidade em qualquer
uva da qual o próprio Aurelio não é grande ad-
mirador, conquistou novos espaços para os vi-
nhos chilenos nos mercados internacionais. E,
como ele mesmo já admitiu numa entrevista,
“você precisa produzir o que o mercado deseja;
caso contrário, não conseguirá sobreviver”.
Rei sem coroa
Aurelio não hesita em afirmar que a variedade
emblemática do Chile continua a ser a Caber-
net Sauvignon, que, na sua visão, é um “rei
sem coroa”. Em apoio a sua tese, observa que
vinhos à base de Cabernet Sauvignon respon-
dem por 70% do que o Chile exporta, porcen-
tagem apenas ligeiramente menor (entre 60%
Discover Wine era
o nome original do
projeto dos sócios
Douglas Murray,
Alfredo Vidaurre,
Aurelio Montes e
Pedro Grand
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