REVISTA VOX - 7ª Edição

(VOX) #1

“A maior gratificação da minha


profissão é devolver a luz a quem a


perdeu”


mecatrônica na Escola Politécnica
da USP e engenharia elétrica na
Unicamp e Unesp, sendo aprovado
em todos.
Por outro lado, tinha também o
gosto pela biologia, e o desejo do
pai em ter um médico na família. Na
época, apenas um primo tinha opta-
do por essa área. Desejoso por ter um
filho na área médica, seu pai fez sua
inscrição para o vestibular da FAME-
CA, na cidade onde moravam. “Fui
o primeiro catanduvense a passar
em primeiro lugar na FAMECA, aos
17 anos”, diz orgulhoso. “Dou graças
a Deus que meu pai insistiu nisso”,
relata. Hoje, na área de oftalmologia,
convive também com muitos núme-
ros e cálculos, e conseguiu inserir
na profissão médica o manuseio de
números.

Promissórias para concluir o
curso de medicina
Dr. Francisco recorda que o perío-
do inicial da Faculdade de Medicina,
em Catanduva, ainda era conduzido

pelo bom padrão de vida propiciado
por seus pais. Todavia, isso não se
manteve, pois seu pai foi perdendo
tudo o que conquistou. Mesmo assim,
com dificuldades e apertos, o pai
conseguiu pagar as mensalidades
do curso.

A Faculdade ficava cerca de 3
quilômetros de sua casa e a única
condução era um automóvel que
seus pais se revezavam para usá-lo.
A opção do jovem estudante era ir
ao campus com sua bicicleta, com
transporte coletivo ou de carona.
Para ajudar na sua locomoção,
em 1994 seu pai o presenteou com
um Ford Corcel I, ano 73. “Eu tinha
vergonha do carro, por ver muitos
outros com carros novos”, recorda.
Assim, pouco depois, vendeu o carro
e comprou uma moto DT-180, com
a qual se envolveu em um acidente
e quase morreu. Sem o carro e sem
a moto, voltou a depender do ônibus
ou de caronas.
Em junho de 1995, quando cur-
sava o quinto ano da Faculdade de
Medicina, seu pai morreu, vitima de
um infarto fulminante, aos 47 anos. A
partir daí começou a assumir novas
responsabilidades. Entre os quais, tra-
balhar e ajudar em casa. O trabalho,
ele conseguiu na própria região, onde
os municípios contratavam alunos
que estavam na reta final do curso
para serviços médicos na atenção

escola particular e ficou todo o “ter-
ceirão” dedicado espontaneamente,
com vontade e engajamento, nos
estudos. “Ficava sem sair de casa,
sequer para ir à padaria”, lembra.
A conversa de “pai para filho” foi
decisiva e um marco na vida do ado-
lescente indisciplinado, que depois foi
aprovado em todos os vestibulares
que prestou. Porém, inicialmente,
medicina não era sua grande busca,
já que gostava de matemática e so-
nhava ser piloto de avião.
Ele lembra que ao ingressar no
terceiro ano do ensino médio o então
presidente Fernando Collor cancelou
todos os concursos, inclusive da Aca-
demia da Força Aérea (AFA).
Mas o gosto pela matemática
fez que Francisco recalculasse seus
projetos. Já que não poderia voar,
em razão da suspensão do concurso
da AFA, pensou que poderia produzir
aviões, e de alguma forma, ter rela-
ção com as aeronaves. Nessa busca,
prestou vestibulares para o Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA),

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