Outra reação conduz à elaboração paralela de discursos reativos dotados de conteúdo
específico e destinados a mostrar inconformidade com as formas vigentes de inserção no “mundo”.
Criam-se, em certos casos, novas soberanias, como, por exemplo, na antiga Iugoslávia, ou
autonomias ampliadas, entronizando o que se poderiam chamar regiões-países, cujo exemplo
emblemático nos vem da Espanha. Como resolver questão de dentro de um mesmo país, quando o
passado não ofereceu como herança conjunta a existência de culturas particulares solidamente
estabelecidas, junto a uma vontade política regional já exercida como poder?
Esse problema se torna mais agudo na medida em que as compartimentações atuais do
território não são enxergadas como fragmentação. Isso se dá, geralmente, quando a interpretação do
fato nacional é entregue a visões aparentemente totalizantes, mas na realidade particularistas, como
certos enfoques da economia e, mesmo, da ciência política, que não se apropriam da noção do
território considerado como território usado e visto, desse modo, como estrutura dotada de um
movimento próprio. É melhor fazer a nação por intermédio do seu território, porque nele tudo o que é
vida está representado.
14.A agricultura científica globalizada e a alienação do território
Desde o princípio dos tempos, a agricultura comparece como uma atividade reveladora
das relações profundas entre as sociedades humanas e o seu entorno. No começo da história tais
relações eram, a bem dizer, entre os grupos humanos e a natureza. O avanço da civilização atribui ao
homem, por meio do aprofundamento das técnicas e de sua difusão, uma capacidade cada vez mais
crescente de alterar os dados naturais quando possível, reduzir a importância do seu impacto e,
também, por meio da organização social, de modificar a importância dos seus resultados. Os últimos
séculos marcam, para a atividade agrícola, com a humanização e a mecanização do espaço
geográfico, uma considerável mudança de qualidade, chegando-se, recentemente, à constituição de
um meio geográfico a que podemos chamar de meio técnico-científico-informacional, característico
não apenas da vida urbana mas também do mundo rural, tanto nos países avançados como nas
regiões mais desenvolvidas dos países pobres. É desse modo que se instala uma agricultura
propriamente científica, responsável por mudanças profundas quanto à produção agrícola e quanto à
vida de relações.
Podemos agora falar de uma agricultura científica globalizada. Quando a produção
agrícola tem uma referência planetária, ela recebe influência daquelas mesmas leis que regem os
outros aspectos da produção econômica. Assim, a competitividade, característica das atividades de
caráter planetário, leva a um aprofundamento da tendência à instalação de uma agricultura científica.
Esta, como vimos, é exigente de ciência, técnica e informação, levando ao aumento exponencial das
quantidades produzidas em relação às superfícies plantadas. Por sua natureza global, conduz a uma
demanda extrema de comércio. O dinheiro passa a ser uma “informação” indispensável.
A demanda externa de racionalidade
Nas áreas onde essa agricultura científica globalizada se instala, verifica-se uma
importante demanda de bens científicos (sementes, inseticidas, fertilizantes, corretivos) e, também, de
assistência técnica. Os produtos são escolhidos segundo uma base mercantil, o que também implica