Claude Lévi-Strauss - As estruturas elementares do parentesco (1982, Editora Vozes) - libgen.lc

(Flamarion) #1

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oito. Os três mais moços fUndaram famílias cada uma das quais foi
anexada por uma famllia originária de três dentre os cinco mais velhos.
Assim, Nkhum, Lathong e Maran são formados cada qual de duas secções,
uma principal e outra secundária. Somente os Maripe, descendentes do
primogênito, e os Laphai, que são hoje os mais poderosos, compreendem
apenas uma secção. Granet aproxima o número de oito irmãos do fato
de duas famílias não terem secção menor, para concluir que a estrutura
primitiva devia ser mais simétrica, e mais de acordo com uma mitologia,
cujo papel é apenas o de justificar os usos. Tudo estaria esclarecido se
os oito irmãos tivessem fundado na origem quatro secções principais e
quatro secções menores. Também se compreenderia por que cada grupo
é ligado, no ciclo de troca, a dois grupos, e não a um só: "Cada grupo
sendo fornecedor de outro grupo, cada secção deve dar a duas secções
conjugadas, e receber de duas secções conjugadas". ". Granet não hesita
em retificar as fórmulas de Hanson e de Gilhodes para restabelecer um
sistema ideal, no qual haveria o duplo ciclo: Marip - Lathong A -
Nkhum A - Maran A - Laphai - Lathong B - Nkhum B - Maran B


  • (Marip); e Marip - Lathong B - Nkhum A - Maran B - Laphai -
    Lathong A - Nkhum B - Maran A - (Marip).
    Há pouca dúvida que o sistema, tal como foi observado durante a
    segunda metade do século XIX e a primeira parte do· século XX, repre-
    sente uma fórmula muito alterada. Carrapiet reproduz as regras dadas
    como válidas por Hertz "há mais de uma geração", acrescentando: "De
    maneira geral, esta ordem está sempre em vigor".·u Mas se nos referir-
    mos a uma nota de T. F. G. Wilson a seu livro, chega-se a uma conclu-
    são diferente. "O costume dos mayu-damas de dar e receber mulheres
    foi consideravelmente relaxado durante as três ou quatro últimas gera-
    ções. Subtribos e clãs Maripe casam-se com outras subtribos Maripe,
    assim por exemplo a família hkansi que é hkansi marip casou-se entre
    os N'ding Maripe. Os Laphai praticam também o intercasamento. As vezes
    os Shadan-Iaphai vão buscar mulher entre os Wawang-Iaphai. Um bom
    caso é o de shadang kawng (o pai de N'lung la, o duwa alan atual) que
    se casou com Ja Tawng, filha de um antigo duwa wawang laphai. Nas
    aldeias cosmopolitas, que reúnem chingpaws. atzis, lashis e marus, os
    casamentos endógamos tornaram-se freqüentes. Os atzi-Iaphais vão às
    vezes procurar mulheres entre os krawn-Iaphais, o duwa de wawchum é
    um atzi-Iaphai e sua mulher é uma krawng laphai." Outras razões con-
    tribuíram para fazer o sistema evoluir. Ao lado da ação mais difundida,
    de que as famllias feudais pretendem ter o privilégio, .. é preciso levar em
    conta o medo da esterilidade, que é igualmente forte entre a gente do povo.
    "O costume exige que os dama nis, quer sejam du nis (nobres) ou tarat
    nis (povo), procurem companheira entre seu mayu-ni respectivo. Não
    obedecer a esta regra equivaleria, segundo se julga, a se cobrir de vergo-
    nha e permanecer sem posteridade. Entretanto, se a primeira mulher não
    tem filhos ou morre jovem, ou fica louca, toma-se às vezes uma segunda
    esposa, com a qual não se tinha até então relação matrimonial, aumen-
    tando assim o número de seus ma1Ju nis". U
    39. Ibid., p. 239-241.
    40. Ibid., p. 32.
    42. Cf. acima. p. 286.
    43. GilhOdes, p. 209.
    41. Ibid., p. 36.


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