NOVEMBRO 2020. EXAME. 37
tório, no edifício da Junta de Freguesia de
Alvalade, só tem agora mesas e cadeiras
vazias – exceto na entrada, onde a sim-
pática rececionista nos recebeu, porque a
nossa presença a obrigou a estar presente.
Toda a equipa da Páginas Amarelas, com
exceção dos vendedores, está em regime
de teletrabalho, e não há planos para al-
terar a situação.
Depois de, em fevereiro, terem fei-
to um rebranding da marca, a pandemia
obrigaria a colocar parte dos funcioná-
rios em layoff (os vendedores), mas abri-
ria também uma janela de oportunidade:
“Muitas empresas perceberam finalmente
aquilo que andávamos a dizer-lhes há um
tempo: era fundamental terem uma pre-
sença online.” Em parceria com a Altice,
com quem as relações se mantêm muito
próximas, lançaram em abril a campanha
‘Go Online’, que oferecia uma espécie de
serviço-chave na mão: um site próprio de-
senhado à medida de cada PME, e que per-
mitia vender os produtos e serviços online,
acrescido de campanhas nas redes sociais.
Durante três meses, e para as empresas na-
cionais que aderissem até 31 de maio, era
possível ter acesso, sem qualquer tipo de
investimentos, a “um website com loja
online e domínio próprio, cem euros em
campanhas de marketing digital e a fer-
ramenta Netsync, para gestão da presença
nas redes sociais e principais diretórios on-
line”. O objetivo era captar clientes, numa
altura “em que os vendedores estavam em
casa, muitos clientes estavam a sair por via
da incerteza e precisávamos de aumentar o
número de novos utilizadores dos nossos
serviços para equilibrar as contas”, explica
Alegre, recordando como foi curioso mui-
tas empresas pedirem, durante o período
do Grande Confinamento, todas as infor-
mações sobre como se tornarem digitais,
num claro movimento em que tentavam
preparar-se para a “reabertura” da econo-
mia. Por isso mesmo, para o empresário, a
pandemia foi “só mais um obstáculo”. “Na
verdade, quando entrámos na empresa, em
2014, tivemos de lidar com a questão [da
resolução] do BES, que afetou clientes e a
economia. Depois, estávamos naquele pe-
ríodo de grave crise financeira que o País
atravessou. Portanto, digamos que estamos
habituados...”, diz, em jeito de brincadei-
ra. “Temos uma estratégia financeira que
nos permite passar por isto com alguma
tranquilidade”, continua. “Agora, é claro
que tudo vai depender do comportamento
do mercado e das medidas do Governo.”
Admitindo a relevância dos apoios conce-
didos às empresas assim que foi decretado
o estado de emergência, Alegre insta ago-
ra o executivo a fazer mais. “Era impor-
tante atuar diretamente sobre a TSU, com
majorações dependentes da queda do vo-
lume de negócios e da criação ou não de
postos de trabalho, por exemplo”, sugere.
“Desta forma, garantimos que há empre-
go para pôr a economia a rolar. Porque eu
não acredito que, para muitos negócios, a
dívida seja uma boa medida para sair des-
ta crise.”
O gestor aproveitou a conversa com
a EXAME para realçar a forma como foi
possível trabalhar em conjunto com os
funcionários que já integravam os qua-
dros da empresa quando ele assumiu a
15
12
9
6
3
0
2015 2016 2017 2018 2019
100%
Nacional
Depois de ter chegado a ser gerida por
fundos internacionais, é atualmente
detida totalmente pelo empresário
portuense António Alegre
130
Funcionários
O mais novo tem 22 anos e o mais
velho, 65. Muitos têm 35 anos de casa.
O que importa, afirma o jovem gestor,
é terem todos a mesma cultura
CONSTÂNCIA
E otimismo
Com um volume de negócios
relativamente constante e resultados
líquidos positivos, a Páginas Amarelas
quer afirmar-se no mercado como
agência de marketing digital