marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 235

Edson – O quê?
Ana –“A prática é o critério da verdade”. Eu participava de uma
subcomissão de mulheres da Comissão de Massas do Comitê Central
do PCB no Rio de Janeiro e eu disse a ele: “Não sei, as mulheres não
aparecem, a coisa não vai”.
Ele disse: “Sente aí! Depois que vocês fizeram toda aquela pro-
gramação, lembre-se do que eu te disse sobre a prática é o critério da
verdade? É o seguinte Ana, vocês têm um programa, vocês planejaram
alguma coisa para a Comissão, um novo programa determinando
aquelas tarefas todas?”
Eu disse: “Não”.
Ele disse: “Como é que você quer que as coisas aconteçam? Vocês
não têm uma proposta, um programa, não chegaram a conclusões
do que é mais necessário”.
Eu disse: “Tá certo, eu vou fazer”.
Passou-se uns tempos ele me procurou e disse: “Como é que
está o negócio lá das mulheres, para eu dar informações ao pessoal
da Comissão”.
Eu disse: “Olhe Marighella, depois que você me deu aquele
conselho da prática...”
Ele disse: “Eu já lhe disse que a prática é o critério da verdade, se
você não leva à prática o que projeta, as pessoas não podem trabalhar”.
Ele era uma pessoa muito concreta, objetiva. Ele me dizia: “Você
adora os pintores”. Por isso eu guardo isso aqui, esta pomba foi de-
senhada por Picasso, em homenagem ao 8 de março, por ocasião da
Federação Internacional das Mulheres, em Paris, em 1945. Isso foi
Picasso que pintou e nos deu. Marighella teve várias vezes com isso
na mão.


Edson – O que ele disse?
Ana – Ele disse o seguinte: “Realmente a paz depende das mu-
lheres, porque vocês têm os filhos, como dizia José Marti, o cubano,

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