EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 359
normal, de ir à festas, jogar futebol, conversar nas padarias, toda
noite estar todo mundo junto, cada hora uma fase, de papagaio a
xadrez (risos), passando pelo futebol, namoro, brigas, tudo normal.
Só que, paralelamente a tudo isso, a gente começou a organizar gru-
pos de discussão, acompanhava notícias de jornal, particularmente
após 1964, a gente tomou mais gosto ainda. O livro Porque Resisti
à Prisão foi muito interessante pra gente. E a gente vem vindo gra-
dativamente, crescendo mais, em termos, o grau de consciência. Por
outro lado, o grupo começou a diminuir, um filtro natural, normal,
muitos continuaram próximos, mas com outro tipo de interesse,
com outro tipo de vida, mas a gente andando pra frente, conforme
a coisa foi se aguçando, a resistência crescendo em termos nacionais,
a gente foi se engajando mais e mais também. Enquanto grupo, nós
chegamos a fazer parte de alguns episódios interessantes. A gente
tinha contato com o pessoal de teatro, alguns de nós faziam parte do
teatro de Arena. Não foi por qual caminho, não sei se formalmente
ou informalmente, mas a gente começou a fazer segurança para os
espetáculos, segurança informal também, a gente conhecia muita
gente do CCC. O CCC também ficava em Perdizes, pelas imediações,
era gente que conhecíamos, numa boa. Um dos nossos amigos, esse
que foi assassinado, o João Carlos, estudava no Mackenzie, que era
grande a presença do pessoal do CCC. Ele fazia Engenharia e estava
próximo desse pessoal, particularmente, do Direito.
Edson – Foi uma escolha que vocês fizeram?
Manuel – Sim, claro.
Edson – Houve um certo maniqueísmo para atraí-los diante das
escolhas que pudessem fazer?
Manuel – Não.
Edson – Vocês se identificaram com a ALN.