Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
exemplo, imagine um estudo sobre a concordância interobservador
entre as leituras de mamografias por diferentes radiologistas. Se lhes for
solicitado classificar os exames como normal ou anormal, sua
concordância será muito maior se a maioria dos exames “positivos” que
o investigador selecionar para eles examinarem tiver sido selecionada
por ser claramente anormal e a maioria dos exames “negativos” tiver
sido selecionada por não ter qualquer suspeita de anormalidade.


  • Importância do cegamento (mascaramento). Muitos estudos sobre


testes diagnósticos envolvem julgamentos, como a decisão sobre se o
resultado de uma radiografia é anormal ou sobre se um paciente
preenche os critérios diagnósticos para uma determinada doença.
Sempre que possível, deve-se cegar quem interpreta os resultados dos
testes, evitando seu acesso a outras informações sobre o paciente
testado. Por exemplo, em um estudo sobre o papel da ultrassonografia
no diagnóstico de apendicite, quem realiza a ultrassonografia não deve
saber dos achados da história ou do exame físico.^1 Da mesma forma, o
patologista que faz o julgamento final sobre quem tem ou não
apendicite (o padrão-ouro com o qual os resultados das
ultrassonografias serão comparados) não deve saber dos resultados das
ultrassonografias. O cegamento previne que vieses, preconceitos e
informações provenientes de outras fontes afetem esses julgamentos.


  • Fontes de variação, capacidade de generalização e estratégia de


amostragem. Para determinadas questões de pesquisa, as diferenças
entre os pacientes são a principal fonte de variação nos resultados de
um teste. Por exemplo, alguns lactentes com bacteriemia terão uma
contagem elevada de leucócitos, e outros não. É pouco provável que a
proporção de bacteriêmicos com contagem elevada de leucócitos varie
muito em função de quem coleta o sangue e de que laboratório o
analisa. Por outro lado, os resultados podem depender também da
pessoa que aplica os testes ou do ambiente em que são realizados. Por
exemplo, a sensibilidade, especificidade e confiabilidade
interobservador na interpretação de mamografias depende da habilidade
e da experiência do profissional, assim como da qualidade do
equipamento. Quando a acurácia ou os custos variam com a pessoa que
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