Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

câncer de ovário familiar for mais benigno do que outros cânceres de
ovário, poderia ocorrer o contrário.
Da mesma forma, é possível que mulheres saudáveis que têm um
familiar com câncer de ovário estejam mais interessadas no estudo, e
assim terão maior probabilidade de entrarem no estudo como controle.
Nesse caso, a prevalência de história familiar de câncer de ovário no
grupo-controle será artificialmente elevada, e a estimativa do risco
para câncer de ovário devido à história familiar será falsamente baixa.
É possível minimizar esse problema, se não for informado aos
potenciais controles exatamente qual é a questão de pesquisa ou
exatamente que câncer está sendo estudado, desde que isso seja feito
de forma aceitável para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
1d. A história familiar de câncer de ovário costuma ser medida
perguntando-se aos sujeitos quantos familiares do sexo feminino eles
têm e quantos tiveram essa doença. O problema principal dessa
abordagem é o viés recordatório. Mulheres com câncer de ovário que
podem estar preocupadas com a possibilidade de predisposição
genética para a sua doença têm maior tendência a se lembrar de algum
familiar que tinha câncer de ovário do que mulheres sem razões para
pensar nessa possibilidade. Nesse caso, a estimativa da associação
entre história familiar e câncer de ovário pode ser falsamente elevada.
Além disso, muitas mulheres confundem as neoplasias ginecológicas
(da cérvice uterina, do corpo uterino e do ovário) e podem confundir
tumores ginecológicos benignos que requerem cirurgia com tumores
malignos. Isso pode gerar classificações errôneas (mulheres sem
história familiar de câncer do ovário relatam ter o fator de risco e são
classificadas inapropriadamente). Quando esse problema ocorre em
igual grau em casos e controles, a estimativa da associação entre
história familiar e câncer do ovário é falsamente baixa. Quando esse
problema é mais comum nos casos (que podem ter maior tendência a
interpretar erroneamente o tipo de câncer ou a razão para cirurgia nos
familiares), então a estimativa da associação entre história familiar e
câncer de ovário é falsamente elevada. O problema da classificação
errônea pode ser reduzido verificando-se o diagnóstico em registros
patológicos de membros da família que foram apontados como tendo
tido câncer de ovário para confirmar o diagnóstico.

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