Revista LPV (4) PDF

(Anita Santana) #1

esperando até agora e


ninguém apareceu...


O pai deu uma gargalhada


e falou:



  • Mas você é mesmo um


Anastácio..Não vê que


hoje é primeiro de abril?


Foi um trote!


O rapaz ficou encabulado,


contrariado, deu meia-volta


e entrou na casa. Foi até a


cozinha, tomou água numa


caneca de alumínio,


tentando assimilar a


desventura.


Anastácio se incomodava


com as peraltices que


outros faziam com ele.


Chamavam-no de palerma,


pamonha... e ele em geral


nada dizia. Seus pais às


vezes o repreendiam – que


respondesse, não devia


ficar ouvindo gozações.


Mas ele não conseguia.


O pai o chamou:



  • Meu filho, vai lá ajudar o


seu Carlos. Ele veio fazer


um forno pra assar pão.


Anastácio foi.
Ao ver o homem de perto,
Anastácio estancou. O
homem que estava
fazendo o forno era o
barqueiro do seu sonho...
Ele não tinha dúvidas –
alto, cabelo curto, barba
longa, queixo comprido...
era ele!
Carlos olhou para o rapaz
e sorriu – era o mesmo
sorriso do remador! – e
Anastácio tremeu.


  • Seu pai o procurou toda a
    manhã. Disse que você ia
    me ajudar.

  • É – disse Anastácio.
    Vendo que Carlos estava
    de costas pra ele, saiu dali
    com rapidez e sem
    barulho, indo se esconder
    no mandiocal que seu pai
    plantara no pomar, atrás
    da ‘casinha’ que servia de
    banheiro. Ali ficaria quanto
    fosse possível. Não podia
    esquecer o sonho. Não
    podia esquecer aquele

Free download pdf