- Ora, ora... Quem é morto, às vezes aparece. – E
fixava os olhos no ressuscitado, como a tentar desvendar
o que se passava. - Imagino o quão surpreso vós estais em rever-me. –
retrucou Ponce de León, ainda extasiado com a liberdade
recém-conquistada. - Realmente. Ao que me lembro, só Sísifo conseguiu
voltar do reino de Hades, com a desculpa de que queria
se vingar da esposa, pois esta o desrespeitara ao recusar
enterrá-lo. Ora, não vai me dizer que ele caiu nessa de
novo? - Não, não houve artimanha nenhuma.
- Mas, então...?
- Sei que sois infinitamente mais velho do que eu. No
entanto, ouso contar-vos uma história que talvez não
conheçais. - Sou todo ouvidos.
- Sob o reinado e o patrocínio de Fernando e Isabel,
singrei os mares à procura de novas terras. E foi em Porto
Rico, onde fui nomeado governador, no ano da graça de
1508, que soube, por meio dos nativos, da existência de
um tesouro imensamente mais valioso do que todos os
outros até então acumulados... – Mas a morte o atalhava: - Não quero ser mal-educado, mas pouco se me dá
os tesouros que os mortais acumulem, produzam,
revista voo livre
(REVISTA VOO LIVRE)
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