ARTHUR CHIORO - Uma lógica perversa
Banco Central do Brasil
Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: ARTHUR CHIORO
Em setembro, 48,4 milhões de brasileiros tinham planos
de saúde, maior número desde 2016. Durante a
pandemia, foram firmados outros 1,6 milhão de novos
contratos, com uma drástica redução dos atendimentos
eletivos, consultas e exames. Isso resultou em queda de
11% na taxa de sinistralidade e redução de 10,2 bilhões
de reais nas despesas assistenciais das operadoras de
planos de saúde. As receitas, por sua vez, aumentaram
10 bilhões de reais em comparação com os terceiros
trimestres de 2019 e 2020. Ou seja, enquanto o SUS
enfrenta, desde a implantação da emenda do teto, uma
brutal crise de financiamento, as operadoras privadas,
em meio à maior crise sanitária da história, tiveram o
maior lucro dos últimos anos.
É o caso da Prevent Senior, que, em 2020, registrou um
faturamento de 4,3 bilhões de reais e lucro líquido de
496 milhões de reais, ante 3,6 bilhões e 432 milhões,
respectivamente, no ano anterior. Fundada em 1997,
em São Paulo, com foco em planos individuais – 94,5%
dos clientes têm esse tipo de plano – e no público da
terceira idade – que corresponde a 76% dos 542,5 mil
usuários, ante a média de apenas 14,2% no setor –, a
empresa tem uma carteira de clientes que não é
usualmente desejada pelas concorrentes. Após 22 anos
restrita à capital paulista e cidades próximas, começou,
em 2019, a operar no Rio de Janeiro, no Distrito
Federal, em Curitiba e Porto Alegre.
Seu modelo de negócios é baseado em uma rede
verticalizada, que oferece serviços de saúde (hospitais,
laboratórios, centros de diagnósticos e clínicas) em
unidades próprias, administradas diretamente pela
operadora, o que lhe permite impor mecanismos
microrregulatórios assistenciais e um rigoroso controle
operacional e de custos.
Se o caso estarrecedor da Prevent foi analisado na CPI
do Senado, isso se deve à denúncia de 12 médicos
representados pela advogada Bruna Morato. A
operadora, aliada de primeira hora do negacionismo do
governo Bolsonaro, distribuiu e fez experimentos com
medicamentos do “Kit Covid”. Fez uso deturpado e