Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

onde descobriram os segredos do cultivo da cana e da produção de açúcar. Como
bons comerciantes que eram, tornaram-se os principais vendedores da substância
doce pelas vias terrestres. Tanto que, em várias línguas ocidentais, a palavra para
designar o mais doce dos doces é derivada do nome árabe da coisa: “as-sukkar”.
Olha só:


Azúcar  (espanhol)
Zucker (alemão)
Zucchero (italiano)
Socker (sueco)
Seker (turco)

A Europa Ocidental tomou contato com os cristais adocicados na época das
Cruzadas. Mas, para o Ocidente, o jeito de consegui-los era pagar o preço que os
árabes queriam – aproximadamente R$ 230 o quilo, no câmbio atual.
Logo as grandes navegações dariam uma força para derrubar esse preço.
Cristóvão Colombo chegou à América; Pedro Álvares Cabral veio parar no
Brasil. A ideia de se aventurar em caravelas globo afora foi movida não pelo
açúcar, mas pela pimenta (a do reino, entre outras especiarias hipervalorizadas
nos séculos 15 e 16). E boa parte das recém-conquistadas colônias,
principalmente as portuguesas e as espanholas, se transformou em grandes
plantações de cana (Brasil incluído).
No século 17, os britânicos também viraram uma potência da indústria
açucareira. Com muito mais produto circulando, os preços baixaram, mais gente
começou a comprar e mais empresários passaram a investir para aprimorar a
técnica de refinamento do açúcar. Tanto que, no final do século 18, ele já tinha
virado item de primeira necessidade.
A concorrência entre os mercados impulsionou a sofisticação dos processos de
fabricação. Os moinhos de engenho deram lugar a usinas de açúcar produtoras
de mercadoria em larga escala. Para tornar o produto cada vez mais claro, a
indústria adotou o uso de dióxido de enxofre, que destrói as substâncias que dão
coloração escura ao açúcar. O refinamento também foi aprimorado,
transformando os cristais em pó.
Em 2009, o biólogo Robert Margolskee descobriu que os receptores de açúcar
na língua têm relação direta com a produção de endocanabinoides, substâncias
encontradas também na maconha e que o corpo produz para disparar a fome.
Inclusive, alguns médicos hoje estudam os endocanabinoides para tratar a perda
de apetite em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Outro estudo,
feito em 2012 por cientistas da Universidade da Califórnia, concluiu que o

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