carboidratos fariam mal apenas à noite? Ah, sim, porque o metabolismo
desacelera nesse período e o corpo tende a estocar as calorias de que não dá
conta. Mas seu corpo não tem preconceito. Para ele, caloria é caloria e ponto – à
noite, de dia, no fim de semana. O que importa é o saldo final. Se foi positivo,
engorda; se foi negativo, emagrece; se foi o mesmo, o peso é mantido.
Mas existe um outro lado nessa história. Carboidratos dão fome mais rápido.
E à noite, pelo menos quando você está sem algum programa para fazer, essa
fome extra pode chegar antes de você ir dormir – e com você dentro de casa,
com acesso total à geladeira. De dia, quando essa fome vem, talvez você esteja
trabalhando. E aí é mais difícil sucumbir à tentação de matá-la. Em suma: não
importa a hora em que você coma carboidrato (ou seja lá o que for). Mas, se for
à noite, comer algo que sacie por mais tempo pode realmente ser mais seguro.
Se o nosso cérebro fosse uma calculadora que permitisse digitar o número
máximo de calorias liberadas para o dia e desligar quando esse número fosse
atingido, seria fácil manter o peso. Mas não somos máquinas. Comer é mais do
que escolher grupos alimentares e nutrientes esperando que eles produzam
determinado efeito na aparência ou na saúde. Quando você faz uma dieta,
certamente deixa de comer algo que adora – bolo de chocolate, por exemplo – e
desenvolve certa compulsão por causa disso. Faz parte da natureza humana,
desejar o proibido. Pense na sua vida sem batata frita. Não dá vontade de comer
muitas delas só de imaginar nunca mais prová-las? Por isso, tem coerência
acreditar que a reeducação é mais eficiente do que a restrição alimentar. Dietas
restritivas demais deixam você mais gordo, frustrado e infeliz. E o estresse, o
grande mal moderno, tem muita influência na forma como a gente faz escolhas à
mesa. “Situações prolongadas de estresse alteram o funcionamento do
hipotálamo e da hipófise, que atuam na secreção de hormônios como a grelina,
responsável pela sensação de fome, e o cortisol, que estimula o acúmulo de
gordura”, diz o médico Máximo Ravenna. “As pessoas estão cortando o açúcar
há muitos anos, mas se esquecem de diminuir a gordura, o sal e as farinhas,
inclusive as integrais, na mesma medida. E isso tem um motivo de ser: esses
ingredientes deixam tudo mais palatável e estimulam o centro de recompensa do
cérebro. Esse processo desencadeia a vontade permanente de se ter prazer, e não
de comer para se alimentar.”
Um consenso entre os cientistas dessa área é que colocar no prato porções
menores é fundamental para comer menos. Porque o cérebro não tem nenhum