A liderança
no pós-pandemia
Este painel teve como
protagonistas Carlos
Ribas, responsável
da Bosch em Portugal
(em cima), Paula
Panarra, diretora-geral
da Microsoft Portugal,
e Fátima Carioca,
professora e dean
da AESE Business
School, que mais uma
vez se associou a esta
iniciativa. À esquerda,
momento da entrega
do primeiro lugar nas
Melhores Empresas
Para Trabalhar à HP
Portugal
O desafio das qualificações em Portugal
Carlos Oliveira, CEO da Fundação José Neves, traçou um
exaustivo retrato das qualificações em Portugal e do
cruzamento destas com as tendências de empregabilidade
Maria de Fátima Carioca, a pro-
pósito de um tempo em que a
sensação de controlo sobre as
pessoas era maior, diz que en-
saiar esse regresso “é uma ar-
madilha, um tiro no pé.” “Tanto
o tempo como o local são algo
de líquido, as situações são múl-
tiplas e a dificuldade de gerir
nómadas dígitais, híbridos ou
presenciais é o desafio que está
em cima da mesa”, disse a dean
da AESE Business School.
CASA, ESCRITÓRIO OU...
NOUTRO SÍTIO?
Na Bosch, a abertura e a auto-
nomia para que os trabalhado-
res possam escolher quando e
onde trabalhar remontam há
40 anos, mas a empresa alemã
- que, nos últimos meses, se viu
obrigada a uma gestão exigen-
te das pessoas por causa da cri-
se de fornecimento de compo-
nentes – está mesmo a estudar
com seguradoras a hipótese de
os colaboradores trabalharem
de onde quiserem, acabando
com a dualidade casa-escritó-
rio. No entanto, notou Carlos
Ribas, como nem todas as fun-
ções em ambiente industrial
podem ser feitas remotamente,
estão a equacionar-se soluções
para não prejudicar quem não
pode beneficiar dessa medida.
“Não é eticamente correto tra-
tarmos a nossa família de for-
ma diferente”, nota o respon-
sável da Bosch em Portugal e
também da fábrica de Braga da
multinacional alemã, especiali-
zada em eletrónica automóvel.
Na EDP, tal como em muitas
outras empresas, a distância fí-
sica imposta pela crise de saú-
de pública também despertou
maior flexibilidade na gestão de
pessoas e de negócio e não sig-
nificou perda de produtivida-
de. Tanto que, reconhece Paula
Carneiro, head of People&Or-
ganizational Development Glo-
bal Unit da energética, “há uma
grande pressão no sentido de
Com grande foco na res-
posta às alterações impostas
pela pandemia, que levaram os
colaboradores a reavaliar o seu
quotidiano e passar a planear o
trabalho em torno da vida em
vez do contrário, Syneathia La-
Grand avisou para a necessida-
de de flexibilidade das lideran-
ças das organizações, de aposta
na cultura da recompensa e
menos do presentismo. Além
de as empresas terem de pas-
sar a encarar os empregados
como stakeholders (aumentan-
do a diversidade e inclusão e a
transparência) e de não caírem
na tentação de que o regresso
ao local de trabalho ou ao tra-
balho híbrido seja um modelo
igual para todos.
“Não podemos voltar ao que
era antes. E por isso é que há
tanta falta de mão de obra agora
[na reabertura de negócios nos
EUA]. Isso tem de ser mudado
através das lideranças, de como
incentivamos e promovemos o
talento”, disse a VP-Learning &
Development do Manpower-
Group, que participou no even-
to através de videoconferência e
respondeu a questões do diretor
da EXAME, Tiago Freire.
A tentação de voltar ao
passado já tinha sido abordada
num outro painel, dedicado à
liderança no pós-pandemia, e
Com o apoio
DEZEMBRO 2021. EXAME. 15