O olhar do diretor-geral mudou. Teria sido o nome? Em todo caso, Hartvig
enfiou o celular no bolso.
- O que acontece?
- Eu soube que o caso está nas mãos de um tal de Juncker. É isso mesmo? Jens
Juncker.
Antes que Hartvig pudesse responder, Marcus lhe ofereceu o cartão de visita do
Systems Group.
O diretor-geral de polícia ficou um bom tempo olhando para o cartão com as
duas flechas douradas sem arco, estampadas em ligeiro relevo no papel fosco.
Sentiam-se as flechas com os dedos ao passá-los cuidadosamente sobre o cartão, do
jeito que estava fazendo naquele instante o diretor-geral. - Você é do Systems Group, como Brix – disse Hartvig. – É uma espécie de
Blackwater europeia, não?
Marcus sorriu e balançou negativamente a cabeça, mas de um modo que
expressava não a superioridade desdenhosa, e sim a amabilidade. - A Blackwater é um exército privado que se pode contratar para fazer qualquer
coisa a troco de dinheiro, todo tipo de trabalho sujo que ninguém mais está
disposto a aceitar. O Systems Group é mais ou menos o oposto. Trabalhamos em
prol da paz e prosperidade na Europa. Somos um centro de estudos...
Hartvig o interrompeu com uma breve gargalhada. - Centro de estudos?! Pelo que me lembro, vocês aparecem o tempo todo na lista
daquelas empresas privadas que compram mais equipamento de segurança que o
próprio Serviço de Inteligência. De mais a mais, por que contratam basicamente ex-
militares como você? É para vocês pensarem? – Hartvig tornou a rir.
“Que palhaço folgado!” Um impulso violento esteve a ponto de se apossar de
Marcus, que, entretanto, acabou esboçando um sorriso controlado. - Não pense que só contratamos militares, não mesmo – disse. – Também
gostaríamos de contratar um homem como você, quando tiver encerrado por aqui.