proximidade da morte? Pensou na versão da polícia – que, de manhã cedo,
Christian Brix sentou ali, fora de si, ou no domínio das faculdades mentais, ou
ambas as coisas ao mesmo tempo; que digitou e mandou um torpedo para a irmã
segundos antes de enfiar o cano duplo da espingarda na boca, acomodar aquilo
contra o palato, apertar o gatilho e disparar uma rajada de chumbo de caça através
da cabeça.
Eva sentou-se ao lado da árvore junto à qual Brix também tinha se sentado. As
folhas estavam pisoteadas, e já não havia nem sinal de sangue; tinha chovido depois,
na noite daquele mesmo dia. Eva ouviu um ruído às suas costas. Passos. Ela se
levantou e se escondeu atrás da árvore. Olhou para a frente rapidamente e viu três
deles, a boa distância de onde estava. Sentiu as batidas do próprio coração.
- Nada de pânico – murmurou, mas já era tarde.
Falavam em voz baixa, aproximavam-se. Estariam procurando por ela? Da última
vez, tinham sido dois; por que três agora? A alguns metros, havia um tronco caído;
um carvalho que se partira ou que o vento derrubara. Ah, se ela conseguisse chegar
até ele!
“E então, Eva?”, perguntou a si mesma. Assim os veria melhor; poderia esconder-
se ou ir embora; qualquer coisa menos ficar colada a essa outra árvore, esperando
que deparassem com ela e...
Olhou para a frente. Os três estavam inclinados sobre algo que Eva não
enxergava. Era agora ou nunca. Correu até as raízes da árvore caída. Ficou um
tempo ali, prestando atenção. Continuavam cochichando; embora estivessem a
certa distância, conseguia ouvi-los. O que deveria fazer era apenas tentar sair dali –
baixar a cabeça, esgueirar-se ao longo do tronco, chispar pelo mato e sumir daquele
parque. Começou a andar, mas alguma coisa a fez parar. As vozes deles. Um dos três
riu. Eva ergueu a cabeça para dar uma olhada e os viu. Estavam mais perto que
antes. Eram meninos, não homens feitos; não eram mais que garotos que estavam se
divertindo.