- Achei outro – disse um deles.
- Eu vi primeiro! – disse outro.
Eva os viu procurarem alguma coisa no chão da floresta, como aves ciscando a
terra. Estavam atrás de quê? - Aqui tem outro – disse o mais novo dos três, um menino loiro cuja camiseta
trazia o logotipo “CemTech”. Provavelmente era a empresa do pai. Filhos de
famílias abastadas. Seriam irmãos? Não; ou talvez só o mais novo e o mais velho,
porque o do meio tinha traços mediterrâneos e pele morena. Eva se aproximou um
pouco, para ver e ouvir melhor os três. - É o maior que a gente já achou – disse o que parecia ter mais idade, talvez o
irmão mais velho. - O que você quer em troca?
- Não quero trocar.
Trocar? O que tinham encontrado no chão da mata? Convinha falar com eles;
todo mundo que chega perto de locais de crime é testemunha em potencial. Eva
deu um passo à frente. - Oi, meninos – ela disse. Eles se entreolharam. – O que vocês estão fazendo?
- Nada – disse o mais velho. Agora Eva o via melhor. Ele falava com fisionomia
firme – aparentava ter mais segurança que Eva, sem dúvida algo que lhe tinha sido
inculcado pelo pai, o diretor da CemTech, o que quer que esta fosse. - O que vocês acharam aí? – perguntou Eva.
- E o que você tem a ver com isso?
Eva olhou para ele. Os dois mais novos recuaram alguns passos. Cada um dos
garotos segurava com firmeza um saquinho plástico, e Eva não conseguia
determinar o que havia dentro deles. - Vocês ficaram sabendo do cara que se matou com um tiro? – ela perguntou. –
Não faz nem uma semana que aconteceu. - Não ficamos, não – rebateu o garoto mais velho.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1