Hospital Nacional, Copenhague – 13h45
Marcus ficou imóvel um instante, ouvindo a porta se fechar às suas costas. Havia
médicos e enfermeiras ali; alguns pareciam não ter pressa; outros corriam. Foi em
frente. Passos pesados. Pensou em gritar com todas as forças: “Quem de vocês é o
dr. Boris Munck?” Mas, em vez disso, abriu uma porta – uma porta qualquer – e
entrou numa sala. Estava vazia. Continuou pelo corredor, para a porta seguinte.
Estava aberta e dava para uma sala um pouco maior. Vozes, ruído de xícaras, mesa
oval, duas mulheres e dois homens, olhares graves.
Marcus já se dispunha a entrar quando ouviu algo que o fez parar. Um nome –
Boris. Naquela sala, uma voz de mulher e um homem que dizia alguma coisa.
“Boris”, pensou Marcus. Ele estava ali dentro. Mas o sigilo profissional... O médico
não quereria falar com ele; era óbvio que não. E claro que não lhe daria o nome de
uma paciente! Nem de familiares. Ainda mais a um estranho. Mas talvez Marcus
não devesse pensar tanto. Talvez devesse entrar na sala de chofre, colocar o médico
contra a parede e ameaçá-lo para que dissesse com quem Eva tinha vindo. Ameaçá-
lo para que lhe mostrasse os documentos de que precisava. Não, chamariam a
polícia. Marcus seria detido. Eles descobririam. Trane. Aí, quem salvaria Eva?
Precisava arranjar outra solução.
Um celular tocou em algum lugar, por bem pouco tempo, mas o bastante para
que Marcus tivesse uma ideia. Recuou dez passos e entrou na sala anterior, que
ainda estava vazia. Tirou do bolso o celular, todo arrebentado. Uma rachadura