A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

pessoas ali. – Pode chamar a segurança.


Uma vez no corredor, Marcus começou a suar como se a reação tivesse ocorrido
só naquele instante. Marcus não estava satisfeito com o plano. Tinha muitos
pontos fracos, muitos aspectos que não era possível controlar. Dirigiu-se à outra
ponta do corredor e ficou ali uns minutinhos. Com sorte, sairiam daquela sala. Mas
não o fizeram; quando voltou lá, não teve mais remédio. Bateu à porta, dessa vez
com mais educação, quase com humildade.



  • Acabei deixando uma coisa aqui – disse, e entrou.
    Ninguém disse nada. Olhares de assombro – e de aborrecimento, no caso de
    Boris Munck. Um olhar que dizia a Marcus que o médico estava prestes a chamar a
    segurança e a polícia. Marcus pegou o celular e o enfiou no bolso. Saiu com toda a
    pressa do mundo.

  • Ele pegou alguma coisa – disse uma mulher atrás de Marcus.

  • Como é?
    Mas Marcus já tinha sumido. Disparou pelo corredor, entrou no elevador,
    desceu. Só tirou o celular do bolso quando já estava na rua. Ficou ao sol, ouvindo,
    enquanto olhava para cima, onde um avião partia o céu em dois. Não prestou
    atenção a tudo o que estava gravado; era como se seu cérebro selecionasse os trechos
    e só permitisse que os relevantes sobressaíssem.
    Ouvia-se nitidamente a voz de uma das mulheres: “Quem era esse aí?”
    Boris: “Acho que é o marido violento”.
    Voz de mulher: “Vou pedir para a Lene chamar a polícia. Ele estava perguntando
    de quem?”
    Boris: “De Eva Katz. Você vai ter que procurar no sistema; eu a atendi ontem.
    Coitada. O cara tentou esganá-la”.
    Não conseguiu ouvir muita coisa mais. A porta da sala se abriu, arrastavam-se

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