A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

ido rápido demais. – Você desenhou o seu tio.
O menino não respondeu.



  • O desenho! – gritou Eva, e mais ou menos obrigou Malte a olhar para ela. –
    Você se lembra? O desenho do seu tio.
    Não teve certeza de que o menino ouviu. Havia muito ruído; a sensação era
    desagradável. Todos olhavam fixamente para a sacada; todos menos Malte. Ele
    olhava em outra direção, noventa graus para a direita.
    “Ele quer me avisar de alguma coisa”, pensou Eva. “Será que é de alguém?” Ela se
    voltou.

  • O que acontece, Malte? O que é que você quer me mostrar? Para quem está
    olhando?
    Só vislumbrou um rosto, bem quando a música tornou a tocar. Não enxergou
    mais nada, mas foi o bastante, porque o homem olhava direto para ela. Usava fone
    de ouvido como aqueles dos seguranças presidenciais. Por que olhava para Eva
    daquele jeito? Estava a uns quinze metros, talvez um pouco mais. Eva viu que ele
    falava com alguém pelo microfone. O homem virou a cabeça algumas vezes, olhou
    por cima do ombro, tornou a olhar para Eva. Com quem ele estaria falando?
    Passou-se um segundo, e de repente o homem sumiu do campo de visão de Eva.
    “Última chance”, ela pensou, e pegou Malte pela manga.

  • Malte... Onde machucaram o seu tio? Foi lá dentro?
    O olhar do menino continuava fixo na mesma direção, longe da multidão.
    Apontou com o dedo, não mais que por um instante.

  • O que foi que você apontou?
    Eva olhou. Quem ou o que ele estava olhando? Um alvoroço na multidão.
    Homens com aquele fone de ouvido. Dirigiam-se para Eva, mas tinham dificuldade
    para avançar em meio à multidão. Eram dois ou três? “Eles me acharam.” Rostos
    assustados de criança, a música da Guarda Real, os gorros de pelo de urso dos
    soldados, os turistas com câmeras, a rainha a acenar, a claustrofobia, Kamilla com

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